quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Alhandra, 30 de Dezembro de 2009

Com o Ribatejo assolado pelas descargas das barragens, Reguengo do Alviela isolada, na Mui Nobre Vila d'Alhandra, o nosso Tejo teima em não sair das margens, a uma hora de um Preia-mar de 3,41m, apenas um vento de Sul ainda empurra as águas para cima, não se fazendo notar o fluxo da enchente que é empurrada para baixo pelas "águas de cima".




As gentes do Ribatejo profundo, habituadas a estas coisas de cheias, dizem que é bom para os campos, "arrebenta" com as nascentes, enche os furos e limpa as ribeiras.

Por aqui aparecem os malfadados jacintos, uns peixes esquisitos vindos de Espanha chamados Lucios, uns caranguejos grandes e os lagostins d'agua doce.

A Marina começa a ficar despida de mastros e a perder a sua graça, os barcos vêm a terra para serem reparados, na Páscoa voltam para a água, depois da tempestade vem o Bonanza.

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Momentos 2009

Bayona "A Real", a tripulação do "NVV Véronique" tinha chegado a este porto da Galiza com a mui nobre missão de fazer regressar a embarcação ao seu porto, sito no trapiche da AVELA, em Aveiro.
Estava a tripulação a malhar um Gin no "Mar & Arte", quanto somos informados que estava toda uma frota Lusitana reunida na rua do "El Capitan", uns já vinham de Arcachon, outros da Corunha e outros andavam pelas Rias Baixas.
Na foto Cmdt Machadinho, Cmdt Delmar Conde, Cmdt Chico Albino, Imediata Isabel, Cmdt Julio e o Je.
No dia seguinte pelas 17 horas locais, uma frota Ibérica saíu da baía de Bayona com destino á Veneza Portuguesa.

*

Marina do Parque das Nações, surgiu com a Expo 98, tendo ficado conhecida na altura como a Marina da Expo.

Cedo se começaram a sentir as consequências dos erros de projecto, um quebra-mar flutuante mostrava-se completamente inadequado para suster os temporais do Mar da Palha, a susbstituição do quebra-mar flutuante por enrocamento tambem não foi solução e o constante assoreamento levou a que esta infraestrutra depressa passa-se a ser conhecida como "O maior tanque de lama da Europa"

A 11 de Abril de 2002, a Direcção da ANMPN foi recebida pela Parque Expo, SA. Nessa reunião, foi manifestada a intenção de ambas as partes, de trabalharem em conjunto para a resolução dos problemas que afectavam a Marina, evitando tanto quanto possível a via litigiosa. Tratava-se do futuro da Marina que está em jogo, como local de lazer e polo dinamizador de actividades náuticas na área do Parque das Nações em termos de Qualidade, Segurança e respeito pelo Meio Ambiente, dignificando aquele local como uma referência em termos de lazer.

No dia 16 de Novembro de 2007, ou seja, cinco anos e meio depois do encerramento da marina e saída das embarcações, o Conselho de Administração da Parque Expo,SA anunciou, finalmente, a adjudicação da obra de reabilitação, estando o prazo de conclusão fixado em 18 meses.

Agosto de 2009, com o arrais "Bolha" ao leme, o NV Volare entra pela comporta da bacia Sul e (re) inaugura a Marina do Parque das Nações.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Mensagem de Natal e Ano Novo

Camaradas, amigos, navegantes e palhaços desta vida, está a acabar mais um ano, e devo confessar que não foi fácil, esperanças, ilusões, desilusões, enfim, houve de tudo um pouco.
Colocando tudo nos pratos da balança, o saldo foi positivo, ou seja, ficámos um pouco acima da linha d'água, ainda não foi desta que fomos ao fundo.
Salvaram-se as navegações, Alhandra, Valada, Salvaterra, Seixal, Oeiras, Cascais, Aveiro, Porto, Leixões, Vila do Conde, Vigo, Bayona, sempre que pude disse "pronto a embarcar".
Vem aí um novo ano, as esperanças mantêm-se, há novos projectos na forja, o ano anuncia-se de mudança, o coração ainda balança entre o encostar o N.V.Volare e partir para navegações mais longinquas, nada está ainda decidido.
O mais certo é ficarmos por estes lados, o Rui, o Pedro e o "Blue Seven", tambem entraram pela minha imaginação dentro e a fasquia fica um bocado mais alta, os projectos e as ideias amontoam-se, temos só que descobrir como montar as peças para a engrenagem funcionar, algo se há-de arranjar.
Se nesta altura me perguntar o que vou fazer no próximo ano, teria de responder a mim mesmo que "ainda não sei", mas uma coisa é certa, vou navegar.
A todos os que me acompanham por aqui nestas andanças, aqueles que contribuiram para que este ano fosse um bom ano da minha vida, sendo com um sorriso, uma palavra, um conselho, enfim com qualquer coisa, fica aqui um desejo de um bom ano de 2010 para todos.
Vamo-nos vendo por aí, com aquele brilhozinho nos olhos, e com o espirito de alguem sempre mais além, que um dia espera ter o mar como Horizonte.

domingo, 20 de dezembro de 2009

20-12-09, um dia muito frio

"João, amanhã a que horas podes estar no "Blue Seven?"
Era o sms do Rui, para mais uma saída no barco que mais saí na Marina expo, aliás, arrisco a dizer que desde que acabou o verão, somos os unicos utentes que saem por aquelas comportas.
Hoje não foi excepção, a Marina vazia de utentes, o marinheiro de serviço vem logo ajudar na manobra, quiçá até satisfeito por se sentir útil.
Após o almoço confecionado a bordo, saímos por volta das 14 horas rumo aos lados de Belém.
Eu agarrava-me á roda de leme e o Rui como sempre verificava as afinações e a punha-me os nervos em franja com as passeatas á volta do barco em plenas surfadas dignas deste Tenebroso Mar da Palha.

Deu para tudo, largos a surfar por esse Mar da Palha fora, popa rasa em Alcantara, o vento aparente enganava na sua intensidade, quando virámos de bordo em frente a Sto Amaro, é que vimos que o tipo estava bruto, mas certinho, uns 24 nozes de luxo vindos de Leste, que nos obrigou a trabalhar um bocado, o Rui no piano esforçava-se por afinar o barco para conseguirmos ter navegação equilibrada nas bolinas.

"Agarra-te ao pincel que eu vou tirar a escada"

A melhor opção foi vela grande no 1º rizo e reduzir a genoa a 110%, e lá conseguimos uma navegação equilibrada, bastante adornados, mas controlado.
Rumo á Margem Sul após a Pt 25 de Abril, viragem de bordo na confluência do canal do Alfeite com o canal do Barreiro e demos um rumo directo á Expo.
Era noite quando entrámos as comportas, mais uma vez estas se fecharam após a nossa entrada, e mais uma vez dissemos, "estavam á nossa espera".
Um barco, dois gatos pingados, e uma estrutura de milhões de euros ao nosso serviço.
Mais um grande dia de Inverno para navegar, frio, muito, mas vale a pena, acima de tudo, pelo prazer de navegar e navegar por prazer.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Aviso aos Navegantes D'agua Acima

Atlantico Norte - Portugal Continental - Porto de Lisboa - Cala das Barcas

Posição da Boia nº 1 - Lat 38º 49' 608 N Long 009º 02' 548 W

Coordenadas de GPS referidas ao Datum WGS 84



Aproximando-se as quadras festivas da passagem d'ano, Carnaval e Páscoa, em que o pessoal d'agua acima se mete por água ábaixo e vice-versa e como assim persistirem as conversas de bar e esplanada sobre a situação da Cala das Barcas, nomeadamente junto á Boia nº1, que foi recolocada na posição acima indicada, cumpre-me informar do seguinte:
(Ah, não confundir com a Boia nº3, porque essa tá colocada em seco, no Mouchão do Lombo do Tejo, e quem passar por lá encalha de certeza).

Em viagem efectuada num dia com um PRM de 2,94, altura referida ao nivel do Zero Hidrográfico, passei junto á mesma (no sentido correcto da balizagem), foi verificado o seguinte valor:

A sonda á hora foi de 4,70 m, na altura do estofo da maré.
A BXM nesse dia foi de 1,01 m.
Daqui poderemos tirar os seguintes dados:

Altura de PRM: 2,94 m
Atlura de BXM: 1.01 m
Amplitude de maré: 1,93 m (PRM - BXM)
Sonda á Hora: 4,70 m (SR + PRM)
Sonda Reduzida: 1,76 m (PRM - SH)
Se á Sonda Reduzida somar-mos a altura de BXM, neste dia passariamos no BXM, safos com uma Sonda á Hora de 2,77 m
Estes valores são referidos cerca de 0,50 cm abaixo da linha d'agua.

Pelo que julgo poder afirmar, que cumprindo a Balizagem passamos sem problemas, não quero deste modo contradizer aqueles que afirmam que tem de se passar 1oo m da bóia, outros dizem que é ao contrário, outros nem sequer sabem qual é a bóia e vão passando, outros encalhando.

È claro que este apontamento apenas serve de referência, os destemidos marinheiros deverão sempre tomar as devidas precauções que a prudência marinheira assim o aconselhar.

domingo, 29 de novembro de 2009

Um dia de Inverno no "Blue Seven"

"Tens programa para Domingo ou vamos navegar?"
Foi mais um telefonema do Rui apelando para uma saída no "Blue Seven", como não havia programa (e mesmo que houvesse), navegar é preciso e passa a ser palavra de ordem.
A Meteorologia não abonava muito a nosso favor, ameaçando chuva e vento nas cercanias do Mar da Palha, mas saímos da Marina Expo com uma boa janela de tempo, se bem que frio.
O Rui fazia umas passeatas para verificar as afinações

Cristo Rei na proa e 25 de Abril pela amura de EB

O vento estava pelos 12 nós de NW, e saímos com o pano todo no ar, mas á medida que nos apróximava-mos da capital o vento subia gradualmente com refregas a chegarem fácilmente aos 26 nós, que nos largos nos proporcionava pontualmente a velocidade estonteante de 12 nós, mas tambem obrigava o "Blue Seven" a monumentais orçadelas, pelo que a opção foi reduzir pano para equilibrar a questão.

Na orçadela, a vida começava aos 20 nós


Margem Sul

Num ápice estavamos em Cacilhas, rondámos 180º junto á 25 de Abril e viémos a surfar nas bailadeiras até perto de Stª Apolónia, onde o vento estava com tendência para cair, a corrente forte fazia-se sentir e a progressão tornou-se morosa, ao cair da noite a opção foi de ligar motor e baixar velas.

Um Iatezinho estacionado perto de Stª Apolónia

Era escuro e começava a chover quando entrámos na Marina, o pesssoal de serviço aguardava a nossa chegada podemos assistir pela primeira vez ao fecho das comportas.

Foi mais um belo dia de Inverno, frio, ventoso, chuvoso, mas a navegar.

(http://veleiroblueseven.blogspot.com/)

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

O "cabeço" da nossa juventude

Um destes dias passava pela variante de V.F.Xira, reparei que a maré estava algures junto á baixa-mar e o "cabeço das Torres" estava "á mostra".

Esta era a palavra de ordem nos verões de á vinte e tal anos atrás, quando chegava á hora do cabeço ficar "á mostra", o pessoal pegava nos Kayaks e iamos aproveitar aquelas duas horitas de praia, que a maré nos oferecia, junto á margem Sul do Tejo, em frente á unidade da Marinha na Quinta das Torres.
Uma coisa é certa, a tradição ainda é o que era, o miudos da canoagem ainda continuam a disfrutar deste cabeço, assim que o calor aperta, começam as romarias para aproveitar a areia e as águas cálidas do nosso Tejo, que no Verão atingem os 28º C.
Fui frequentador assíduo do "cabeço", umas vezes aparelhava o "Moth Europe", outras pegava no K1 e pagaiava pouco mais de uma milha, para me regalar com aquela qualidade de vida, uma praia privada, no meio do Tejo, umas vezes só para mim, outras vezes tambem para o resto do maralhal.
Nos dias que correm, já não frequento com assiduidade, uso amiude para encalhar o "Volare" e limpar o fundo, mas será sempre o "cabeço" da minha juventude.

domingo, 15 de novembro de 2009

Temos barco

Este domingo foi dia de ir transportar o "Blue Seven", que após uma estadia em Oeiras, aterrou na Marina do Parque das Nações, onde vai ficar até ao final de Janeiro.
Saimos de Oeiras com um mar completamente desordenado de través em com vento do mesmo quadrante, chegando a soprar aos 29 kts, com o Blue Seven a portar-se muito bem na vaga e a proporcianar algumas pequenas surfadelas, mesmo com pano reduzido (o gajo não tava para brincadeiras) atingiamos fácilmente os 8 Kts (SOG).
Foi rápida a viagem e duas horitas depois estávamos a solicitar a autorização de entrada na Marina (desta feita da Expo).
Foi um pequeno teste de mar a provar que temos 36 pés de barco com provas dadas.
O Rui disfrutando dos 5 minutos em que o "deixei" fazer leme.
Lá mais por fora, um dos poucos que se aventuraram a sair
Porta de entrada para o Mar da Palha, onde a mareta desordenada e o SSW se encontravam, o Cristo Rei fechava os braços para deixar passar as refregas.

Com este ventinho e esta tripulação, o Pedro já ia outra vez para os Açores


Estes iam lá para fora levar cacetada - "Alexander Von Humbolt" de saída

Atravessando o Tenebroso Mar da Palha

Na Marina do Parque das Naçôes fomos bem recebidos pelos marinheiros de serviço, o pessoal da recepção tambem mostrou estar estar á altura das funçôes.

Quanto ao aspecto geral das coisas, a Marina ainda não se apresenta nem meio cheia, mais para os lados do meio vazio, apresentando-se cada vez mais como alternativa para os navegadores d'agua acima que queiram ir por água abaixo.

Já tem os dois pontões de espera exteriores montados assim como combustivel, o sistema de comportas está aberto durante todo o dia, fechando apenas de noite.

Tambem já começam a aparecer uns bares com vista para os barcos, vamos aguardar o evoluir dos acontecimentos.

domingo, 1 de novembro de 2009

"Blue Seven"

Hoje foi dia de apresentação oficial do projecto "Blue Seven",um Bavaria 36, irmão gémeo do Hemingway.
Ainda sem as devidas vistorias e autorizações para navegar e já existem projectos pendentes, para já vai com guia de marcha para os estaleiros do Talaminho (Amora), para uma revisão completa, depois de inspeccionado e vistoriado, ainda vamos a Sines este mês fazer um teste de mar.
(E por falar em testes de mar, foi hoje que largou da barra do Tejo o veleiro "Thor VI", para iniciar a sua volta ao mundo, desejamos-lhe bons ventos em toda a viagem.)

Ainda até ao téminus do ano, vamos até Valada do Ribatejo, a fim de actualizar um roteiro de navegação á vista, para posterior publicação.
O Armador e o novo projecto

Para o ano, vamos pensar numa ida á ilha de Porto Santo, ideia já saiu da gaveta, agora é só colocá-la em cima da mesa.

Skipper e apoiante do projecto

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Aniversário do Clube Náutico de Salvaterra de Magos - Imagens

Clube Náutico de Salvaterra de Magos - 6 Primaveras

Foi no dia 24 deste mês que o jovem e dinâmico Clube Náutico de Salvaterra de Magos completou meia duzia de primaveras.
Desde um primeiro telefonema da Srª Presidente da CMVFXira a solicitar a minha colaboração, á primeira reunião que tive com a comissão instaladora em meados de 2002, até á data de hoje, temos que dizer que pelo trabalho desenvolvido, o clube náutico está mesmo de parabêns.
Obra de um trabalho meritório das direções que por lá têm passado (são sempre os mesmos).
De recem formado, ilustre desconhecido, a potência e referência nacional na modalidade de Canoagem, foi um passo de gigante.
Com instalações junto ao cais da Vala Real, no edificio do Centro de Interpretação Educativa e Ambiental, um edificio que contêm um museu do rio e onde se pode ver um pouco da cultura piscatória das gentes ribatejanas.
Mais uma vez o clube distinguiu as pessoas e entidades que com ele têm colaborado, mostrando que coisas deste tipo ficam sempre bem.
Por tudo isto e muito mais, é que podem continuar a contar comigo, Clube Náutico de Salvaterra de magos, um exemplo a seguir.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Aveiro - Porto - Vila do Conde (As imagens)

Aveiro - Porto - Vila do Conde 17 e 18 de Outubro

Dia 16

Chegada á AVELA pelas 2300 horas, onde já se encontravam o outros Skippers, cumprimentos boas vindas, 2 croquetes, 2 minis e um café e vou para o pontão, antes de me retirar para bordo do Véronique, ainda aceito o convite do Candido para ir a bordo do "Casvic", onde se encontrava o Chico e a Isabel.

Dia 17

Madrugada, cedo, entra o Eugénio no Véronique, á procura do colete, prega-me um susto do caraças, e lá vai ele embarcar no "Jonas", isto porque 2 membros da tripulação teriam de ser distribuidos por outras embarcações, neste caso pelo "Jonas" e Chemy", uma vez que o proprietários não estavam habilitados para a distancia entre portos.
A mim num sorteio completamente viciado, calhou-me o "Chemy", barco mais pequeno e maneirinho da frota, no entanto foi um surpresa agradável, o barco era despachadinho e o Helder, feliz proprietário, foi um tipo impecável, até a cozinhar.
Pelas 0800 largávamos do trapiche e pouco depois saíamos a Ria e entrávamos num mar de "senhoras".
A viagem durou cerca de 6 horitas sempre de velas içadas mas com o motor a ajudar, ao inicio da tarde e após uma viagem sossegada, entravamos a barra do Douro, já com uma vazante bastante forte que nos dificultava o seguimento.
Mais uma vez a solução adoptada para atracar, este ano no cais de Gaia, não era a melhor, pelo que gradualmente a frota dirigiu-se para a Ribeira do Porto, onde apesar de mau, era melhor.

Dia 18

Alvorada ás 0800 da manhã, um cafézinho na ribeira e pelas 0900 já nos faziamos ao mar com destino a Vila do Conde.
Com um vento de Leste, moderado e certinho, e um mar encrespado, lá fizemos uma velejadela de luxo até Vila do Conde, antes das 1200 e com o vento a cair entravamos a barra, desta feita já desassoreada, sempre com fundos na ordem dos 5 metros.
Depois de almoço, a viagem fez-se de Andante até ao Porto e de Intercidades até V.F.Xira.
Por mim, este ano tá feito, chega de mar, para o ano há mais, se Deus Nosso Senhor quiser.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

O "Beagle" já lá vai

Pois, o "Beagle" abandonou a Mui Nobre e Real Marina d'Alhandra, foi vendido, coube-me a mim a nostálgica tarefa de o levar rio abaixo para a sua nova morada e para o seu novo dono.
Demorei o máximo que pude, acreditem, fui mesmo nas calmas rio abaixo, tão penosa que se tornara a tarefa, acho que me custou mais a mim do que ao Rui (armador).
Fui várias vezes Skipper deste barco, um "Dufour 30 Classic", ainda estávamos na fase do descobrir, e nem o chegámos a afinar e a aparelhar como gostariamos, mas pronto já lá vai.

Um dos melhores momentos no "Beagle", velejadela de luxo ao largo de Cascais

Agora a altura deverá de ser de mudança, mudança de barco e quiçá de projectos de vida, outros barcos virão, talvez maiores, e maiores navegações tambem, aguardemos.


Hoje, rio abaixo, na Cala das Barcas, junto á nova bóia nº1, agora reposicionada.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

2009 - 09 - 09

"The clouds prepare for battle
In the dark and brooding silence.
Bruised and sullen stormclouds
Have the light of day obscured.
Looming low and ominous
In twilight premature
Thunderheads are rumbling
In a distant overture...
All at once, the clouds are parted.
Light streams down in bright unbroken beams...
Follow men's eyes as they look to the skies.
The shifting shafts of shining weave the fabric of their dreams..."

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Constellation

Uma das fotos que ficaram na minha mente desde a juventude, primeira metade da década de oitenta, recorto esta foto numa revista de vela, e colo no interior da porta do meu roupeiro em casa dos meus pais.
Representava a alegria que tinha em velejar e o sonho de vir a ter um veleiro.
Há uns meses voltei a ver a foto, estava numa revista na Fnac, lembrei-me que já tinha visto nalgum sitio e fui á sua procura, lá estava ela, onde a tinha deixado, se a memória não me atraiçar, vai para 25 anos.
Descolei com o maior dos cuidados e fiz o scanner para a preservar.
Trata-se do veleiro "Constellation" de 1964, defensor da 32ª Taça América.
Felizes aqueles que têm o prazer de passar momentos como os retratados nesta foto.
(Mesmo no barcos pequeninos)

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

"Pen Duick VI" em Lisboa (doca do espanhol)


Entrava eu com a minha humilde embarcação na doca do espanhol, quando me apercebo que encostado na muralha Norte, se encontra um belissimo Ketch (veleiro de 2 mastros), faço uma aproximação, e o meu espanto não podia ser maior quando vejo o nome "Pen Duick VI", era um dos barcos do malogrado velejador Eric Tabarly, mais própriamente o último da saga "Pen Duick".

Idealizado pelo próprio Tabarly, segundo a "International OffShore Rule", para competir na primeira regata "Whitbread", volta ao mundo para tripulações em 73/74.

O "Pen Duick VI" e Tabarly venceram a Transat em solitário em 1976, na qual Tabarly considerou como sendo a sua melhor vitória. No ano de 1981 este barco foi considerado absoleto para competição, em virtude dos novos materiais e tecnologias de competição, no entanto ainda hoje é considerado um dos veleiros mais bonitos ainda a navegar.

Actualmente é propriedade de uma empresa de cruzeiros de St-Malo, e continua a aliciar quem nele navega, fazendo cruzeiros oceanicos por todo o mundo.

Comprimento total: 22, 25 m Deslocamento: 32 Ton Boca: 5,30 m Calado: 3,40 m Àrea Vélica: 260 m2 Material do casco: Duraluminio Construção: 1973 no Arsenal de Brest

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Foi á dois anos ...

Recebi hoje um mail do Marco Dutra, que relembrava a todos que acompanharam a volta ao mundo de Genuino Madruga, que foi á dois anos que tudo começou.

"A 25 de Agosto de 2007, na vila baleeira das Lajes do Pico (Açores), partia o velejador picoense Genuíno Madruga para a sua II Volta ao Mundo em Solitário.
Fez rumo a sul com o intuito de passar o tenebroso e mítico Cabo Horn, o que acorreu às 09h45 do dia 24 de Janeiro 2008.
Seguiu-se o Pacífico, Austrália e uma impar paragem em Timor Leste onde foi honrosamente recebido.
Passado o Índico, ancorou em África onde repousou.
Entrou novamente no Atlântico e já a caminho de casa, na madrugada de 10 de Maio, Neptuno cobrou novamente o mastro do Hemingway, quando esteve estava a 1928 milhas do seu destino e a cerca de 700 do Brasil.
Neste dia, vimos a fibra deste verdadeiro lobo do mar, quando via rádio e após longa conversa, nos disse que apesar do infortúnio e das precárias condições de navegabilidade, seu próximo porto seria na sua ilha natal, para o que assumia o risco de tal decisão.

"Esta é uma viagem que não é para qualquer um" diz o navegador que acrescenta “O importante é chegar fim”.

Grato agradecimento de todos e a todos quantos navegaram com o Hemingway."

O "Hemingway", envergando a armação de fortuna (vela improvisada com a genoa e a retranca como mastro), já com a ilha do Pico á vista.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Follow your dreams

Saí para o mar, passado algum tempo dou comigo a pensar, realmente o que nos leva a passar horas ou dias inteiros no mar, olhamos as velas, a crista das ondas, a costa que vai desaparecendo, acabamos por ter o mar como horizonte, e sentimos a nossa pequenez perante o seu imenso e infinito poder.

Nós e o barco, um unico ser, respiramos o mesmo ar e bebemos a mesma essência, ficamos com aquele brilhozinho nos olhos e vivemos a matéria de que são feitos os sonhos.
Fechamos os olhos, sentimos o espírito livre, no entanto presos a uma vida que não deixa de ser feita a perseguir pensamentos, acreditamos nos nossos sonhos e sentimo-nos vivos por isso.
Felizes aqueles que têm a oportunidade de perseguir os seus sonhos e um dia quiçá, conseguir que se tornem realidade.

sábado, 29 de agosto de 2009

Por água abaixo - Rumo ao Mar


Desta feita, no dia 29 de Agosto fui por água abaixo, senti em mim a necessidade de ir para o mar, o Rui precisava de um Skipper para o "Beagle", combinámos as coisas e pelas 1100 h.leg, estávamos a sair da doca do Espanhol (Alcantara), com destino incerto e sem horas de voltar, iamos dar uma "volta valente", para onde o vento nos levá-se.
Rumo ao Farol do Bugio, a barra do Tejo ficava para trás

Ao largo da torre VTS (Vessel Trafic Sistem), reparei num Super Maramu pelo meu través de EB, só podia ser o Maibar, imediatamente chamei ao rádio, e obtive a confirmação, era o Luis que se dirigia para Cascais, informou-me que á nossa proa estava uma embarcação em testes de mar, para iniciar em Outubro, a volta ao mundo, era o Thor VI.

Um dia, quiçá, o mar como horizonte

Informei que se um dia tivesse essa ideia e precisa-se de alguem com um enorme desejo de ter o mar como horizonte, podia contar comigo, entretanto informei que nos iriamos fazer ao largo para apanhar vento mais forte e mais tarde passariamos por Cascais.

Pelas 1330 h.leg já faziamos rumo para o largo e algum tempo depois passávamos ao largo da bóia de espera, pelas 1600 virámos de bordo, o meu GPS dava-me um rumo directo em bolina cerrada para a baía de Cascais, onde chegámos perto das 1800.

Já com o rumo para Cascais

Aportámos para beber um café na Mui Tiazona Marina de Cascais e assim como chegámos, logo fomos postos a andar. Ainda fomos fazer fazer as visitas da praxe aos amigos que se encontravam por aquelas bandas, posto isto, fizemos rumo directo a Lisboa, perto das 2200 h.leg estávamos atracados na doca do Espanhol, onde me encontro agora a teclar, a bordo do "Beagle".

O dia no mar chegava ao fim, depois de um dia fenomenal, vento certinho de 15 nós, vagas largas de 2 metritos, velejadelas de luxo ao largo, é sempre uma imagem inesquecivel entrar á noite no porto de Lisboa.
Amanhã vamos por água acima, o barco vai para Alhandra, ETA (estimated time of arrival) 1330 h.Leg.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Boas noticias

Terça-feira dia 25 de Agosto, chego á Mui Nobre e Real Marina d'Alhandra por volta da hora da passagem meridiana do Sol, o primeiro olhar é para ver o meu "menino", tá tudo bem com ele então desvio o olhar para Sul, e qual o meu espanto, vejo a subir o rio, o "João Conde e Fls", batelão de exploração de inertes do Tejo, havia muito tempo que não era visivel em actividade, mas pensei que regressaria de Lisboa de algum trabalho de dragagem, quiçá da obra da Marina Expo, tirei uma foto e esqueceria o assunto, não fosse a cena do próximo capitulo.

Vou para bordo, ligo o PC, entra o Pedro no MSN e de rajada, sem aviso prévio "boas noticias"
- Ena, então conta lá!
"Hoje de manhã, quando ia para o trabalho vi o "Leziria" (outro batelão) a descer o rio carregadinho, será que os areeiros voltaram á actividade?

- Então olha, eu acabei de fotografar o "João Conde e Fls" a subir o rio, rente ao baixa mar, vazio e vai por aí acima.
"Esperemos que não seja um frete pontual"

E a conversa por aqui ficou.
A talho de foice, o porquê desta conversa e satisfação pelo eventual regresso da actividade dos areeiros?
Para nós, navegadores d'água acima (ás vezes por água abaixo), isto tem um significado muito especial, são estes barcos que na sua actividade mantêm as calas rio acima, navegáveis, nomeadamente a montante da Pt Marechal Carmona (VFX), e pela sua passagem, impedem que sejam colocadas redes ilegais nas mesmas, passei anos sem tropeçar nas redes de meixão, (isto porque navegava nas calas), só este verão já tropecei 3 vezes (e continuo a navegar nas calas), com devido aparato, pano no ar, baixa pano, mete motor, corta cabos, o motor nestas alturas nunca pega, etc.
O que é certo é que á cerca de um ano que não via estes batelões.
Hoje 27 de Agosto, depois de fazer umas bricolages em casa, lembrei-me de ir passar o virar da maré junto da baliza d'Alverca, talvez andem por lá umas corvinas, comprei um pacotinho de "Coreana" e lá vou água abaixo.

Fundeio na cala, junto da baliza, e lá vem ele outra vez, como eu estava na cala, passou perto, sempre rente ao BXM, vazio depois do frete, o mestre reconhece-me e lança o apito curto de passagem por EB.

Que mais nos resta dizer? Nós navegadores d'agua acima, vos saudamos.

"João conde e Fls" Valada, 10 Julho 2008

"Bacalhau" Valada, 10 Julho 2008

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Heroes of a kind - O Bote dos bacalhoeiros

"Dóris", frágeis e modestas embarcações, que souberam honrar e engrandecer a profissão dos verdadeiros homens do mar.
Os pescadores bacalhoeiros que embarcavam nos Lugres, com destino aos bancos da Terra Nova e eram largados nos dóris, jornada após jornada, para pescar o bacalhau á linha.
Comprimento total 5,30 m
Largura total 1,50 m

Cada lugre partia de Portugal com dóris em numero suficiente para atribuir um a cada pescador e ainda restavam alguns suplentes. O "Creoula" trabalhava com 52 pescadores, e levava 58 dóris.
Os dóris eram empilhados no convés em lugares préviamente estabelecidos, todos os pescadores, desde o primeiro dia, tratavam com o maior respeito os "botes do bacalhau", logo desde a sua chegada a bordo.
O navio largava de Belem com destino aos bancos da Terra Nova, a viagem demorava cerca de 11 dias, passado o Cabo Raso, os dóris ficavam logo com outro aspecto.
O Mar saltava acima da borda, respingava por todo o lado, o dóris iam ficando reluzentes, brilhantes e bem molhados, e assim ficariam durante seis meses, começava a vida destes pequenos herois lutadores.
Os homens durante a viagem preparavam-se para a dura faina, o contra-mestre distribuia as botas de borracha, seis pares de luvas de lã para cada homem, fatos e chapeus de oleado, (os suestes).
Os dóris eram sorteados e distribuida a sua palamenta, eram distribuidas as varas para os mastros e o pano para as velas, assim como o óleo de linhaça para as impregnar.
Banco da Terra Nova, era iniciada a pesca, a cada pescador era distribuido 15 kg de isco, o Capitão manda arrear os botes, ao fim de meia hora todos os botes estavam no mar. Uns a remos, outros á vela, iam-se afastando do navio, cada um no bote era senhor da sua sorte e restava esperar a ordem do navio para regressar.
Durante os dias de nevoeiro, a buzina ia atroando o ar com os seus dois toques longos.
O Comandante recomendava aos mais velhos que cuidassem dos mais novos.
"Olhem que não quero esses rapazes ao abandono, não me vão para longe, nem me apareçam cá sem eles".
Ás 3 da tarde o comandante lançava o foguete, era o sinal do fim da faina diária e que indicava onde estava o navio, era hora de regressar a bordo.
A partir dessa altura a buzina era de 3 toques, os pescadores entendiam-se entre si, por toques de buzio que combinavam préviamente.
Com dias melhores e dias piores, o tempo ia passando e os rapazes já eram senhores dos seus dóris, aos poucos amadureciam ás suas custas.
Cada pescador poderia pescar 600 kg de peixe num bom dia de pesca.
Nos principios de Junho, o navio reabastecia no porto de North Sidney na Nova Escócia (Canadá).
Após o reabastecimento o navio dirigia-se para o Estreito de Davis, na costa oeste da Groenlândia, e ficavam por lá pescando até aos primeiros dias de Setembro, com o clima mais agreste que um pescador sózinho, num bote de 5 metros possa imaginar.
Na primeira semana de Setembro, o Comandante dava por terminada a pesca, era hora de regressar a casa com o navio carregado de bacalhau salgado.
Na viagem de regresso estavam todos cansados, homens e dóris, todos mostravam no seu aspecto como tinha sido essa luta durante os arduos seis meses de campanha.
Os pescadores crispados pelo tempo, barba crescida, pele queimada e mãos gretadas. Os dóris esfolados, riscados pelos anzóis e pelos garfos da descarga, não conseguiam esconder os seus males.
Cavernas partidas, tábuas estaladas e gretadas, remendos com fios de algodão e pedaços de lona, tudo para tapar as feridas do tempo.
Mas tudo era apagado pela alegria do regresso a casa, o tempo e a água do mar começavam a aquecer e os dias contavam-se ao contrário. Deixavam de se os que ainda faltam e começavam a ser os que já só faltam.
O avistar do Cabo da Roca era o melhor remédio para sarar todas as feridas, os dias frios de mau tempo e o cansaço.
O navio entrava a magnifica barra do Tejo e dirigia-se para o Barreiro, onde o peixe era descarregado.
Os dóris tambem iam deixar o navio por alguns meses, iam para a oficina de carpintaria sarar as feridas.
Essa ausência do local de trabalho, não era mais que um merecido repouso, para se recomporem e alindarem, de forma a estarem aptos para quando os pescadores voltarem a precisar deles.
Alguns velhos e cansados para uma vida tão dura, eram usados nas reparaçôes do casco e pinturas, era mais uma forma de continuar vivo e útil, junto daqueles que os estimavam e compreendiam.
Era esta a ordem natural da vida dos valentes e humildes dóris dos bancos.
Those were heroes of a kind
in "Um pequeno herói"

Imagens no Tejo

domingo, 23 de agosto de 2009

Por água acima, mais uma vez

O fim de semana de 22 e 23 de Agosto foi propicio a uma velejadela de luxo por águas Taganas, desafiei o Jorge e a familia, efectuei uma requesição civil ao meu grumete e moço de convés (lá se foi um fim de semana sem Play Station), o Jorge desafia o Zé Calçada e fica composto o ramalhete, arrancamos depois de almoço rumo a terras de arriba-tejo.
Saímos da Mui Nobre e Real Marina d'Alhandra pelas 1500 H Leg, nortada rija pela proa, provocando alguns arrepios a pessoal, digamos que menos habituado a ver um barco a andar mais de lado do que direito.
Entretanto o Zé, na sua esbelta embarcação motorizada "Al Hamma" ficou de ir mais tarde no nosso alcance, o que sucedeu pouco depois da nossa passagem pela ponte da Leziria, suspiro de alivio para os tais menos habituados que imediatemente solicitaram o seu transbordo para a embarcação motorizada.A viagem correu sem incidentes de maior com a nortada a crescer pela tarde fora, com vento entre os 17 e os 23 nós, com a Quinta das Areias pelo través de BB, sou alertado pelo meu Grumete, que da vigia da proa dá o alerta, "ó pai, o cabo azul tá-se a partir", era o cabo do enrolador da genoa que estava a dar mostras de fadiga e como tal enrolei a genoa e anulei a sua função.
Á chegada fomos saudados pelas tripulações que lá se encontravam, o Paulo "Beluga", Marco "Oceanus", Zé Bonito "Magnum", e o Ti Vitor (mestre da traineira) que assim que viu chegar o Veleiro mais bonito do universo, quiça mesmo d'Alhandra, se prontificou a retirar a embarcação auxiliar para me ceder o seu lugar, ás 1800 horas locais estavamos atracados no Mui abandalhado pontão de Valada.

O Paulo e o meu moço de convês que entretanto queria ir para a praia

Hora de um repasto, pouco antes de o "Al Hamma" regressar á terra com o mesmo nome, a tripulação do "Volare, ficaria reduzida ao comandante e ao grumete, digamos que até bastante habituado a estas andanças.
Acabámos a malhar umas bifanas na tasca da Ti Rosa, de onde saímos já o serão ia alto e dirigi-mo-nos para o "Bar Tejo", era noite de Karaoke.O Ti Vitor, mestre da traineira, recordava os cacilheiros do Tejo e cantava "... e navegando, a idade foi chegando, os cabelos branqueando, mas o Tejo é sempre novo..."

As tripulantes diziam que eram doces, e cantavam "... fecha a porta e tal, amanhã de manhã ...", até porque esta noite já não havia condições.

A mim só me pôem a cantar o "homem do leme", os Skippers presentes cantavam em coro.

Domingo, acordo cedo com o som caracteristico das adriças a baterem no mastro, mau presságio, vento já a esta hora? Não é normal e muito menos em Valada, mas pronto se estamos habituados a levar com ele de tarde, nada como para variar levar com ele logo pela manhã, e foi assim, nortada até á Azambuja, á vista da Pt da Leziria o vento cai na totalidade e dá lugar a um mar (rio) de azeite até Vila Franca, á passagem da Pt Marechal Carmona vem novamente a nortada (a tipa tave entre pontes), que nos acompanhou até á nossa Mui Nobre Vila d' Alhandra.

O bote d'agua acima da Camara de Azambuja (o "Vala Real"), saía para mais um passeio matinal

O grumete ainda fez uma boa parte da viagem nestes modos, não se passava nada e o que se passava era em sonhos.

A tripulação esperava o vento, que segundo o grumete, habituado a levar com as nortadas. desta vez "estava fraquinho"

Azeite

Perto das 1400 H Leg, e já a levar com a nortadada, aportámos á Mui Nobre e Real Marina d'Alhandra.

Em jeito de conclusão, gosto muito de navegar no mar, vou para lá navegar sempre que posso e disfrutar da sua imensidão e poder, mas o Rio, o nosso Tejo, é lá que realmente me encontro, na quietude e na beleza das suas margens.

Venham de lá as nortadas, as nordestadas, as suladas, as correntes e as refregas, cá nos encontramos, e entretanto aguardamos pacientemente pelo final de Setembro, pelo Equinócio e o mês de Outubro, para mim, o melhor mês para navegar.

Apenas porque, "navegar é preciso".