terça-feira, 25 de março de 2008

A odisseia do "Nichu's" himself

Sexta-feira, 21 de Março de 2008, cerca das 1530 HLeg, tinha eu acabado trabalhos de colocação do novo depósito de água e respectivas tubagens, e entrava no capitulo das limpezas, quando coloco a cabeça de fora da escotilha, olho para o parqueamento e vejo a tropa do Bacalhau a empurrar o "Nichu's" rumo á rampa de alagem norte, situação que estaria prevista para as 1600 HLeg, mas com a ajuda do Land Rover do Rui Silva, mas depois de almoço tudo é possivel e o barco de 6 Toneladas lá ia em cima do berço.
Eu pensei: "ainda não tá na hora, o Rui não chegou, deixa lá ir ver a merda que estão a fazer".
O Nicho (feliz proprietário), dizia: "vamos vamos só colocar as rodas na rampa" .
- Pois, vocês estão a esquecer que este gajo pesa 6 toneladas e quando embalar não pára.
O Bacalhau dobra o cabo, passa na argola e responde: "deixa que eu aguento".
Ainda hoje dou comigo a pensar como toda a gente acreditou inclusivé o dono do barco, mas depois daquele arroz de polvo, enfim.


A rampa e o "deixa que eu aguento"


Quando as rodas trazeiras do berço entraram na rampa, as coisas até não correram mal, mas já ameaçava, mas o feliz proprietário (vá-se lá saber onde ele tinha a cabeça), diz: "deixa ir um bocadinho para dentro de água que ele pára com o atrito", eu não sabia que ele era licenciado em ciencias fisicas e não acreditei, mas seja feita a vossa vontade, (o outro até aguentava).

Mas o inevitável acontece, assim que o berço tem as 4 rodas na rampa, toca a descer pela rampa que eu quero é água, a tropa toda ao sentir o cabo a queimar a pele das mãos, faz a vontade ao bicho, vais para a água sim senhor.
Ao ver aquela cena lembrei de imagens de paquetes a ir para a água pela primeira vez, (faltou o espumante)o berço desce direitinho pela rampa, vai abrandando a sua marcha e quando se pensa que tudo já acabou, o barquinho sai do berço pelos seus próprios meios e começa a navegar, coisa linda.
Só então nos lembrámos que o dono do barco não estava lá, estava impávido e sereno (por enquanto), a dizer "o meu barco, não tá lá ninguem".
Como estava nortada, alguem diz: "o vento leva-o para fora".
Mas esquecem-se que um barco com patilhão não deriva, antes pelo contrário, o vento começa a dar no costado e mastro e ele ganha novamente vontade própria e começa a navegar direito á margem.
Então é que me lembro que tenho de fazer qualquer coisa e lembro-me que o semi-rigido está na água e chamo o Nicho, corrida para a marina, salto para o barco, como é normal nestas ocasiões o motor a 2 tempos só pega á décima quinta puxadela de corda, entretanto afoga mas lá pega, acelaradela a fundo, "in estremis" coloco o semi-rigido entre a margem e o Nichu's 2 cm antes de encalhar, qual proa de rebocador levo o Nichu's para fora dali depois de berrar com o Nicho para ele ir para o leme e meter motor.
A bateria está descarregada, vá ele lembra-se que tem duas e muda o comutador e o motor pega.
Lindo espectáculo visto da margem, que o diga quem lá estava.


"Aquele barco anda muito, até sózinho"

Estávamos já nós no bar, a tentar diluir a adrenalina, aparece o Rui, de Land Rover, " então, vamos pôr o barco na água".

domingo, 23 de março de 2008

Era uma vez em Cascais

Decorria o ano da graça de Deus de 2005, mês de Agosto, alguns meses atrás os Cmdt Toka-toka e Cmdt Pica-Pau, haviam determinado que quando terminassem a recuperação dos seus veleiros (NVVolare e NVOceanus, respectivamente), nas primeiras férias teriam de sair a barra do grande Tejo.
Num belo dia decidem largar amarras de Alhandra-sur-la-riviere, com destino a Cascais sur-la-beach, mas a primeira noite seria passada em Belém onde seria feita uma homenagem a titulo póstumo a todos os grandes navegadores que se aventuraram um dia a atravessar o temivel Mar da Palha.
Por essas 21 horas, em plena homenagem ao ritmo de um liquido destilado na antiga Caledónia cuja garrafa tinha um barco á vela (vulgo cutty sark), lembrámo-nos que nos haviamos esquecido do grumete Dani, esse grande navegador, sem ele esta viagem não fazia sentido, imediatamente pego no télélé e ligo para o dito cujo que me atende, mas diz que ainda tá com o camião em Pombal, ao que eu informo das nossas intenções e digo "tamos em Belém, vem cá ter que amanhã de manhã vamos para Cascais", e desatámos na galhofa porque nunca nos passou pela cabeça que houvesse alguem doido ao ponto de descer a cala das barcas e atravessar o terrivel Mar da Palha durante a noite, até porque a balizagem é tão duvidosa que valia mais não existir.
Só que pelas 4 da madrugada somos surpreendidos pela aparição do "Sheherazade" com o Dani aos comandos e o irmão Vitor a dizer mal da sua vida e a tentar contabilizar os encalhanços e cabeços de ostra destruidos, eu só não consegui contabilizar as vezes que o Vitor disse "nunca mais".
Pelas 9 da matina saimos da Doca de Belém com destino a S. Julião da Barra e consecutivamente Cascais, onde chegamos por essas 12 horas.
Após efectuada a recepção nos serviços da marina, cada um vai á sua vida, o Makito decide ir a banhos para a Baía, e aproveita para ver a tourada na praia do peixe, o Dani decide que vai dar uma volta e almoçar a bordo para os lados do farol da Guia, eu estava com problemas no leme e fui fazer a reparação no lugar que me havia sido atribuído na marina.
Ora estava eu debruçado sobre o leme, completamente absorto na reparação, quando ouço a sereia do farol de Stª Marta, levanto os olhos e não vejo os barcos dos lugares em frente, só nevoeiro cerrado, imediatamente me lembro dos outros dois e chamo pelo VHF, sem resposta. Pelo telemovel o Makito informa que tá na Baía, mas que não sabe do Dani, seguidamente este informa que está a comer melão ao largo da Guia, ao que eu digo:
"não sejas doido, isto está a ficar cerrado, vem para terra".
Resposta: "vou comer mais uma talhada e já vou, fica descansado que eu já tirei o azimute"
É claro que esta resposta vinda de quem apenas conhece aquela palavra porque ouviu um dia alguma conversa de alguem entendido na matéria, não me podia deixar mais descansado e informo o Makito da situação, e que na eventualidade do nevoeiro passar, ele veria por onde andava o outro, entretando a tourada continuava na praia e o Dani informa que se pôs ao caminho e aumentam as nossas preocupações.
Entretando o Dani farta-se de andar ás voltas de barco no meio do grande lençol branco e dá-se consigo a pensar que poderá não saber onde está e toma a decisão vá lá, acertada, de lançar ferro e esperar que o nevoeiro levante.
O nevoeiro levanta e temos o Makito ao largo da baía, a vasculhar o horizonte á procura do Dani, enquanto este dá consigo fundeado a 2o metros da areia da praia do peixe com um touro a nadar ao lado do barco.
A baía de Cascais no verão já é dificil de navegar com boa visibilidade sem tropeçar em ninguem, com nevoeiro poder-se-ia dizer impossivel, só possivel com azimutes curvos tirados pelo nosso Dani a partir do farol da Guia, o touro, esse deu graças a Deus por não ter levado com o ferro de fundear no lombo.

O Dani a treinar para a travessia do Mar da Palha sem escala

domingo, 16 de março de 2008

Estamos de volta

Diário de bordo

Dia 15 de Março 2008, HLeg 1000, Preia-mar, o N.V.VOLARE, desce pela rampa de alagem norte rumo á água, o motor pega á primeira e ás primeiras acelarações á ré, a embarcação sai do berço e dirige-se para o seu posto de atracação no pontão C da Marina de Alhandra.
As condições não eram as mais favoráveis, estava um ventinho moderado de través que dificultava a atracagem de ré, á terceira tentativa lá foi.




Contratempos da ultima semana:
Com o barco ainda em seco, lembrei-me de levantar os paneiros que tapam as caixas de lastro, deparo com cerca de 20 litros de água, (se tivesse partido uma garrafa de vinho era pior), mas que raio, o barco tá em seco, não choveu, tá cheio d'água, foi o depósito de água doce, tive o acréscimo de trabalho de ultima hora, secar o barco e anular o depósito rigido que estava embutido no casco para o sustituir por um depósito flexivel, esta opção deixou algum espaço disponivel para guardar mais algumas garrafitas fora dos olhares indesejáveis, afinal nem tudo é mau.

Neste dois meses fora d'agua meditei e tirei algumas conclusões relativamente a manutenções futuras ao casco, vou acabar com as lixadelas de fundo, com a porcaria do pó azul, com o anti-fouling e os derivados.

Para o próximo ano vou decapar todo o anti-fouling (decapante apropriado) e vou dar um revestimento que já está a ser testado aqui, trata-se do "copper coat", é garantido por 10 anos como anti-fouling e anti-osmose, á base de cobre e resina epóxida, é um pouco mais caro ( 5 x), mas para já dura 10 anos, o quer dizer que a médio prazo compensa e ainda não estamos a falar da mão de obra, dos periféricos rolos, lixas, lixadoras, diluentes e o interminável pó azul.

Fica a sugestão http://www.coppercoat.com