sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Crónica de uma morte anunciada

De seu nome José Lopes, conhecido nos meios náuticos por Zé, o mais conhecido dos navegadores desconhecidos, veio a Alhandra visitar o seu "Olympus".

Votado ao abandono, onde o Zé o deixou, em frente ao Museu de Alhandra, a vida não tem permitido as deslocações a Alhandra, quanto mais pensar em recuperar o barco, diz o Zé do fundo da sua humildade.

Era sábado, depois do nosso habitual almoço, pegá-mos no Blue Dolphins do meu colega Cmdt Mega, fomos visitar o Zé ao Olympus, nunca tinha estado a bordo, entristeceu-me ver o estado de um barco que no seu tempo foi um supra sumo da sua classe, chegando inclusive a participar na Rota do Rhum.

O Zé enquanto tentava abrir a portinhola inchada, ainda balbucionava aquilo que todos nós costumamos dizer em desabafo "não me sai o euro-milhões"

O Zé e o Mega, inspecionavam os estragos do interior, para mim era mais fácil verificar o que se encontrava em bom estado, por muito que me custe dizer, nunca mais é barco. e é pena, como o Zé me disse várias vezes, era um barco lindo a navegar.

Continua longo, o abandono do "Olympus", pertença do Zé Lopes, uma das pessoas mais apaixonadas pelo mar que já conheci, e com quem dá prazer falar sobre barcos e mar.

Várias vezes estou no Cais 14, a contemplar o "Olympus", o pessoal que me conhece, ligado a estas lides, perguntam-me "aquilo nunca mais sai dali".

Eu vezes sem conta, conto a história daquele trimarã e do seu dono, o Zé Lopes, o homem que foi uma vez á Ilha de Tristão da Cunha, a ilha mais remota do Hemisfério Sul, trouxe de lá um Van De Stadt 28, que diz quem viu, parecia um destroço quando chegou a Lisboa, o Zé veio nele a navegar, assim como foi para o Brasil no "Olympus" fez a travessia com a proa a meter água e aterrou em Alhandra.

Links relacionados:
http//nvvolare.blogspot.com/search?q=de+seu+nome%2C+Jos%C3%A9

http//mamalhandra.blogspot.com/search?q=o+cigano+do+mar

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Viagens a preto e branco

Decorria o ano da graça de Deus de 1999, eu dava os primeiros passos como entidade formadora de navegadores de recreio, o Instituto Marítimo Portuário, impunha um formador credenciado para a área dos 1ºs socorros, desloquei-me aos Bombeiros Voluntários d'Alhandra, lá o nosso Cmdt Jerónimo, deu-me a indicação que havia o "tipo ideal" para isso, era o Chefe Nuno dos Bombeiros de Alverca.
Falei com o Nuno que prontamente se disponibilizou a colaborar nas minhas aulas, na matéria de segurança e 1ºs socorros.
Quando falava aos alunos que a próxima aula seria de 1ºs socorros, o interesse não era muito, afinal eles estavam ali para serem marinheiros e não socorristas, eu dizia, "venham á aula que vai ser interessante".

O Nuno chegava, nunca pontual, (os primeiros 10 minutos eram dele), á pressa perguntava-me o que queria que ele fizesse, explicava o que pretendia e as próximas 2 horas ficava por conta própria.
Sentava-me a assistir á aula, sentei-me vezes sem conta, admirava como ele conseguia transformar uma aula supostamente de "seca", numa aula extremamente interessante e interactiva, eu considerava-me um bom formador, mas nunca tinha visto nada assim, ao ponto de muitos alunos "agradecerem" aquela aula.
Posteriormente vim a saber que também era musico, encontrámos-nos no bar do meu Clube e disse-me que ia tocar ao Villa, disse-me para ir ver que ia gostar do reportório.
Fui vê-lo tocar, nunca tinha visto nenhum "amador", arranhar uma Fender Stratocaster daquela maneira, de tal modo que me fez lembrar que também tinha uma guitarra esquecida lá para os lados do Cartaxo, numa casa de família.

O tempo foi passando e fui vendo o Nuno a tocar, até ao dia que lhe liguei e levou comigo de rajada, disse que tinha comprado uma guitarra nova, que tinha uma guitarra velha, que tinha aprendido musica há uns bons 28 anos, na escola onde hoje ele também dá aulas, e que queria voltar a tocar, e depois de o ver tocar, tinha sido ele o eleito para essa nobre tarefa, o Nuno sem nunca saber que eu tinha alguma vez tocado numa guitarra, disse "aparece".

Sempre que venho de viagem e agenda o permite, encontra mo-nos no seu estúdio para trocarmos umas larachas no meio de uns acordes e ele lá se enche de paciência para me aturar, e não tem sido fácil.

Entretanto ao fim de muitos anos a acompanhar músicos de renome da nossa cena musica, atreve-se a lançar um álbum de originais, nos tempo que correm não é fácil, ainda por cima sendo a sua maioria instrumental.

Acabei de ouvir o álbum "Viagens a preto e branco", sinceramente, fiquei cliente.
Ao Nuno, pela amizade, pela paciência, por aquilo que gostamos, boa musica e um bom vinho.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Do Parque das Nações até Alhandra

A pedido de alguns navegantes que se desejam aventurar por água acima e outros por água abaixo, elaborei este roteiro de modo a constituir um guia de consulta rápida e proporcionar uma
navegação o mais segura possível a quem não for conhecedor dos fundos navegáveis neste percurso.

As coordenadas indicadas estão referidas ao sistema elipsoidal Datum WGS 84.

Este roteiro é meramente informativo não dispensa toda a atenção que a prudência marinheira assim o aconselhar.
A todos uma boa navegação.

Lisboa (Parque das Nações) – Alhandra (distância aprox. 11,5 M)
Uma vez que o percurso se encontra balizado deveremos seguir sempre as proas recomendadas, de bóia a bóia e respeitar o sentido da balizagem e os devidos Way Points, deverão sempre ser tomadas todas a precauções para navegação em águas sujas, deste modo a embarcação deverá estar equipada com sonda, o alarme deverá soar aos 3,00 metros.
Uma vez que partindo de qualquer marina a jusante do Parque das Nações, os fundos não oferecem qualquer perigo para a navegação, vamos considerar como ponto de partida a Marina do Parque das Nações.

Bóia CR 5 situada em frente ao acesso á marina
Coordenadas 38º 45’165 N 009º 05’380 W

A partir deste ponto podemos rumar á Pv= 019, directamente ao enfiamento a jusante da Pt Vasco da Gama, definido pelas bóias B2 e B1, numa distância de 1,7 M.
Coordenadas 38º 46’818 N 009º 04’768 W

Deste ponto continuamos para o enfiamento a montante da Pt Vasco da Gama, definido
pelas bóias B3 e B4 Coordenadas 38º 47’292 N 009º 04’555 W, distancia de 0,5 M.

De B3-B4 á baliza nº6 - Coordenadas 38º 48’297 N 009º 03’834 W
Pv= 030 Distancia 1,2 M
(desprezámos a baliza 4 - Coordenadas 38º 47’867 N 009º 04’199 W )

Da baliza nº6 até á nº 8 - Coordenadas 38º 49’309 N 009º 03’156 W
Pv= 028 Distancia 1,1 M
(desprezando a nº6A coordenadas 38º 48’774 N 009º 03’599W)

Da baliza nº8 á bóia nº1 - Esta tão famosa bóia nº1 foi reposicionada nas coordenadas 38º 49’608 N 009º 02’548 W
Pv= 058 Distancia 0,6 M

Da bóia nº1 á bóia 10A – Coordenadas 38º 49’971 N 009º 02’389 W
Pv= 019 Distancia 0,4 M

Da bóia 10ª á bóia 1ª – Coordenadas 38º 50’372 N 009º 02’007 W
Pv= 036 Distancia 0,5 M

Da bóia 1ª á marca cardeal Este – Coordenadas 38º 50’646 N 009º 02’173 W
Pv= 336 Distancia 0,3 M

Da marca cardeal Este á bóia nº5 - Coordenadas 38º 52’600N 009º 01’253 W
Pv= 020 Distancia 2,1 M

Da bóia nº5 á baliza nº10 (baliza de Alverca) - Coordenadas 38º 53’518 N
009º 01’087 W

A partir deste ponto, a navegação deverá ser efectuada junto á margem norte com resguardos entre 100 e 150 metros até ao Cais de Alhandra, e posteriormente até á marina do clube local.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

"Verd'inveja"

Costuma-se dizer que a inveja é uma coisa muito feia, feia mesmo, e não invejo ninguem, mas este fim de semana fiquei com uma sentimento esquisito, senão vejamos:
Estava um vento de Nordeste certinho, força 3 "le bon trois", como os dizem lá na França, uma enchente de maré morta, muito fraca, uma mareta de 10 cm, vejo uma Vela a descer o rio, era o Pedro e o "Fulô", pensei que ele devia estar a gozar que nem um perdido, que inveja.