terça-feira, 28 de outubro de 2008

Apelo á Marinharia Alhandrense

Esta semana recebi um mail e posterior telefonema do meu camarada e amigo das lides do mar do norte, Engº João Fernando Madail Veiga, (Presidente da A.G. da Assoc. Aveirense de Vela de Cruzeiro) mais conhecido por "Veiga" comandante da esbelta embarcação "Véronique", com o seguinte conteudo:

"Joaozinho,

Ainda é muito cedo para tratar dessas coisas, mas uma ideia peregrina veio-me à mente. Pensa nela e opina sff.

Há 8 anos eu participei com o Veronique na Arcachon Aveiro, que nesse ano fez escala em Gijon.
Foi da pele dos ditos pôr o barco lá em cima, demorei 2 meses a pô-lo em Gijon, e já não cheguei a tempo de largar de Arcachon.
A ideia era a seguinte:
Arranjar uma meia duzia de maduros e alugar um barco em Arcachon até a Corunha, ou Baiona e, a partir dali, continuar com o Veronique até Aveiro. (ou no alugado, claro)
A preços de hoje, o aluguer de um 40 pés com skipper (assim o gajo depois leva-o para cima) custa, duas semanas, à volta dos 3000 euros. Duas semanas dá para vir até Aveiro. Se for até a Corunha ou Baiona será menos, mas aí no Veronique só podemos por 4 ou 5 tripulantes e não os 6 iniciais.
Pensa nisto.
As datas serão de 12 a 21 Julho de 2009.

Joao Veiga"



Agora eu:

A ideia soa-me meio doida, mas dá para encaixar, se a meia duzia de maduros forem de igual modo malucos pode-se tornar numa experiência engraçada.
Neste contexto, acho que não seria disparate (uma vez que Alhandra é a povoação com mais comandantes per capita), tentarmos levar uma pequena delegação desta terra tagana e atravessar uma das piores zonas da Europa para navegar, o Golfo da Biscaia.
Tendo em conta que num 40 pés podemos colocar até 8 tripulantes, os custos de aluguer poderiam ficar reduzidos a cerca de 400 euros por cabeça, o que para uma empreitada desta envergadura não é nada.
Tendo em conta que o mar do Norte não é própriamente para meninos, e uma vez que seria no minimo gratificante participar numa coisa destas, porque não juntar-mos uma tripulação de Aveirenses e Alhandrenses e enfrentarmos em conjunto o desafiador Golfo da Biscaia, as costas da Bretanha e o Cantábrico, tudo duma só vez e que tanta inveja fazem ao nosso Mar da Palha.

Como diz o Veiga, ainda é cedo, mas temos de começar a pensar nisto.

Eu digo: Podes contar comigo

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Aveiro - Porto - Aveiro 2008 As Fotos

Cruzeiro Aveiro - Porto - Aveiro 2008

Dia 17 2000 horas
Chegada á Assoc. Aveirense de Vela de Cruzeiro, de uma delegação de 3 velejadores do Sul que irão integrar tripulações daquele clube.
Delegação: João Rodrigues, Julio Quirino (companheiro destas lides) e Paulo Nunes, um estreante cheio de vontade.
Pelas 2100, é servido um jantar devidamente confeccionado pelo Sr. Presidente Paulo Reis, após o qual embarcamos numa navegação nocturna a bordo do “Liberum”, embarcação Gib Sea de 40’, pertença do armador Bonito Galacho.
Esta navegação terminou pelas 0430 pelo que acabei por dormir a bordo do “Liberum”.

Os meus aposentos nestes 3 dias, o camarote de popa a Bombordo

Dia 18 0730 Alvorada
Distribuição de tripulações, o Cmdt Veiga informa que não vai comparecer, pelo que a tripulação do “Véronique” vai ser composta pelo Eugénio, João Pragana, Julio e Paulo, o Veiga vai de comboio para o Porto, eu fico a bordo do “Liberum” a convite do armador.

0830 – Descida da Cala d'Aveiro com destino á barra, o “Taaroa” informa que o radar e o gps foram abaixo, pelo que lhes passo o meu gps portátil.
Saímos a barra pelas 0920, o Galacho sente-se um bocado indisposto devido á navegação da noite e foi-se deitar, como mais graduado a abordo, assumi instintivamente o leme do “Liberum” coadjuvado pelo jovem marinheiro Kiko nas manobras de cabos, que assumia o leme timidamente cada vez que me deslocava ao WC, efectuámos o bordo mar adentro até ás 1300, enquanto o Machadinho fazia a almoço, á hora de almoço virámos de bordo em direcção a terra, que entretanto já não se via á muito.
A meio da manhã o “Mike Davis/Porto de Aveiro” do Delmar Conde, cortou a nossa proa, pelo que é informado via VHF que me encontro ao leme do “Liberum”, igual a si próprio, o Delmar vira de bordo vem-me cumprimentar no meio do grande oceano do norte.
Entretanto depois do almoço o nosso armador já está recomposto e o Machadinho cansado do esforço efectuado ao fogão, vai dormir por 3 horas.
Entretanto o vento subia até aos 18 nós e proporcionava-nos umas bolinas de luxo com este 12 metros a atingir facilmente os 6,6 nós de velocidade (SOG-speed over ground)
Pelas 1600 e já a pagar uma factura de sono pela noite anterior e após 6 horas de leme, passo este ao Galacho, e fui-me recolher por uma horita.
Pelas 1800 damos entrada na barra do Douro e atracamos na ribeira da Invicta.

Mais uma vez chegamos á conclusão que não há condições para atracar nesta cidade.

Dia 19 0800 Alvorada
O “Celta Morgana” tá com problemas de motor, o Tony não consegue dar arranque, após várias tentativas com baterias do “Véronique” e do “Mike Davis”

E já com a água a vazar bem, é tomada a decisão de levar o “Celta Morgana” a reboque para o Porto de Leixões, cabendo essa mui nobre tarefa ao Cmdt Veiga e ao seu “Véronique”.
Os meus colegas “mouros” que estavam no “Véronique” passam a fazer parte da tripulação do “Tibariaf II”.
Entretanto a frota segue para Aveiro, o José Ângelo (Blue Moon) informa via VHF que só vai chegar a Leixões por volta da 1200.
O “Celta Morgana” fica em Leixões, o Tony (armador) vem de comboio para a Aveiro e o “Veronique” inicia a viagem de regresso a Aveiro.
A bordo do “Liberum”, mete-se o piloto automático, o Machadinho dorme, e cabe ao Galacho a tarefa de fazer o almoço, enquanto eu tomo conta do barco.

Pelas 1600 horas estamos no enfiamento da barra de Aveiro, preparo-me para passar o leme ao Galacho que não aceita e dá-me o privilégio de fazer o “Liberum” penetrar a barra de Aveiro comigo ao leme, e de o levar ria acima até ao pontão da AVELA , ás portas da cidade de Aveiro.
Pelas 1645, estamos atracados.
Pelas 1900 chegava á minha Mui Nobre Vila d’Alhandra.
Conclusões:
De enaltecer este estreitamento de relações e experiências entre 2 clubes de vela, um vocacionado para vela oceânica e o outro para águas interiores.
Falta a deslocação de uma delegação de Aveiro ás nossas águas, vamos começar a pensar em “Valada 2009”
Veiga, eu sei que posso contar contigo.
Galacho, obrigado por me confiares o leme do “Liberum”, esteve sempre bem entregue.
“Liberum” (livre e independente)

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Check List

LISTA DE VERIFICAÇÕES Check List

-Previsões meteorológicas
-Equipamentos de navegação e de governo (agulha, odómetro, leme, radar e GPS)
-Combustível (para a viagem e reserva)
-Equipamentos de comunicações (VHF e telemóvel)
-Cartas Náuticas e Roteiros da zona
-Aparelho propulsor (vela / motor)
-Estanquicidade e sistemas de esgoto (Válvulas, escotilhas,
bombas de esgoto, sanitários, etc)
-Baterias
-Tomadas de corrente
-Luzes de navegação
-Lanternas e pilhas de reserva
-Coletes de salvação Arneses de segurança
-Equipamento de segurança (Balsas, sinais fumígenos, fachos, espelho, etc)
-Sistema de combate a incêndios
-Reflector de radar e radiobaliza
-Água potável, mantimentos
-Caixa de 1ºs socorros
-Comunicar o plano de navegação
-Ancoras e cabos
-Documentação

Cruzeiro Aveiro - Porto - Aveiro

No próximo fim de semana, realiza-se mais uma edição do Cruzeiro Aveiro - Porto - Aveiro, uma organização conjunta das Organizações Beiga, MAMA, Assoc. Aveirense de Vela de Cruzeiro e Alhandra Sporting Club (representado pela minha pessoa), sendo este ano integrado nas comemorações do aniversário da AVELA.

Programa:
dia 17 2100 horas - Jantar nas instalações da AVELA
dia 18 0800 horas - Saida da Barra de Aveiro
1700 horas - Provável chegada ao cais da Estiva, na ribeira do Porto
2030 horas - Jantar

Dia 19 0700 horas - Alvorada
0830 horas - Saida com destino á barra do Douro
1600 horas - Provável entrada na barra de Aveiro
1630 horas - Imponente desfile náutico até á Lota Velha em Aveiro

Até lá desejo a todos um bom cruzeiro.


quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Alegria, sabedoria e amizade

Hoje deu-me para isto, rabiscar sobre a alegria, alegria de fazer aquilo que gostamos de corpo e alma, desculpem, mas têm de me aturar (se quizerem), se continuo assim ainda me converto a uma religião qualquer esquisita.

A alegria de fazermos o que gostamos com prazer, tem o dom de espalhar mais felicidade que todas as riquezas materiais que nós conhecemos.
Cultiva em nós o hábito de olhar para as coisas com esperança e de esperar sempre que o melhor está para vir e nunca o pior, está na luta, na tentativa, e em todo o sofrimento envolvido na busca desse fim.
O maior prazer que tenho e posso sentir é que com a minha presença estou a causar prazer a quem me rodeia, aos meus amigos.
Sempre me senti feliz por estar vivo, alegre apesar das más notícias, pois nunca devemos matar em nós a simples alegria de viver
Às vezes interrogo-me se, com excepção do saber, os deuses e/ou o gajo que inventou este 3º calhau a contar do sol, ofereceram ao homem alguma coisa melhor que a alegria, a sabedoria e a amizade.

Vários factores aparecem perante os nossos olhos nesta vida, cada um de nós ao longo da vida vai sofrendo inevitavelmente, nas ocasiões mais adversas e de formas diferentes, as suas derrotas, mesmo que temporárias.
Temos no entanto de ter sempre presente, que cada adversidade poderá trazer consigo um equivalente beneficio.
Sempre que superamos estas adversidades, torna-mo-nos mental e espiritualmente mais fortes, deste modo vamos aprendendo e lutando ao longo da nossa vida com a adversidade, porque o que não nos mata, fortalece-nos o corpo e o espirito.

Não podemos dirigir ou controlar o vento, mas podemos ajustar as velas do nosso navio, porque o tempo não é muito e aquele que nos resta é de aventura, temos de andar depressa, pois não sabemos se esse tempo que ainda temos é suficiente para encher todos os nossos sonhos.
Se colocarmos de parte esta alegria, esta matéria de que são feitas os sonhos, ficamos sós, aquilo em que nos apoiávamos deixa de existir, a solidão toca-nos e empurra-nos para o abismo.
Podemos rir, mas não é de verdade.

terça-feira, 7 de outubro de 2008

A Secção Náutica do Alhandra vai a eleições

Perfilem-se os candidatos
Neste final de ano acaba o mandato de dois anos da presente direcção, muito se tem falado nos ultimos tempos sobre decisões polémicas da mesma e quiçá atitudes menos próprias do presidente (dizem).
Pois bem, chegou a altura, que avancem os criticos, aproveitem a embalagem das esperas de touros e peguem o touro pelos cornos, ou então fiquem calados e resumam-se á sua insignificância.
A má lingua está instalada, fala-se na esplanada do bar, oscultam-se opiniões, fazem-se estatisticas e contam-se as espingardas.
Caros sócios e leitores, Secção Náutica é um barco com um rumo, um Skipper ao leme, e o resto da tripulação tem de trabalhar no complemento do trabalho do dito cujo, que nem sempre poderá ter a melhor tripulação, mas isso apenas caberá a ele melhorar.
Foram dois anos de mandato, claro que houve decisões e atitudes que secalhar não foram as melhores, mas então e o resto? Como sempre não conta.
Vamos lá a ponderar:
-Há falta de atletas nalguns sectores, é um facto, mas cabe aos directores subalternos arranjar soluções, e penso que estão a ser tomadas algumas decisões nesse sentido.
-Apostou-se na frota de Lasers, decisão mais acertada não poderia haver.
-Efectuaram-se regatas de Club Race, todos os meses houve regatas a engalanar o Tejo em frente á nossa Mui Nobre Vila d'Alhandra.
-No sector dos Veleiros foi implementado um verdadeiro espirito de frota, "A Armada Alhandrense" como lhe chamo, á quanto tempo não se viam tantos veleiros nas águas Taganas, quer em frente a Alhandra, quer rio abaixo ou acima.
-O Cruzeiro do Tejo não foi dos melhores, nem como nós gostariamos que fosse, mas temos de acreditar que foi o possivel, no entanto tivemos um Belem-Alhandra-Belem digno de registo.
-Estreitaram-se as relações com o nosso clube vizinho UDV, organizando regatas em perfeita colaboração.
-No sector desportivo os resultados foram os possiveis com alguns brilharetes.
-A nivel das infraestruturas tambem não se parou, vai-se remediando o que se tem, tambem não há dinheiro para mais e as entidades oficiais não apoiam, o novo posto náutico continua a ser um sonho, mas o passeio ribeirinho tambem era e ele está aí, portanto, vamos acreditar (i'm a believer).
Deste modo, acrescento que dois anos para uma direcção mostrar trabalho, é pouco tempo, nem sequer deu para atingir a maturidade, temos que acreditar que esta direcção está a dar o seu melhor em prol de, desinteressadamente, e como tal, mesmo com alguns erros, (todos o fazem), temos de agradecer o seu trabalho, apenas isso.
Como costumo dizer, o actual Skipper da nau, tem um problema, gosta tanto daquilo como eu, e como tal as situações vivem-se com mais intensidade, mas é como é e não há nada a esconder, é assim e pronto, pior serão as palmadinhas nas costas pseudo-amigos da Secção Náutica seguidas de umas facadinhas ao virar da esquina, estou claro a falar daqueles mal-dizentes que nunca tiveram os tomates no sitio para se assumirem como direcção, o que vale é que as vozes de burro não chegam ao céu.
Vamos lá mas é a deixar trabalhar quem quer e quem não quer, afaste-se.
Finja que vai á casa de banho e nunca mais apareça.
Eu, gostei de ser Presidente da Secção Náutica, foram oito anos de luta (1998-2006), em que acreditei no que estava a fazer e ás vezes saí desiludido, mas a Secção Náutica é uma grande instuição e mereceu todo o esforço, como tal continuo a colaborar com a direcção actual, mas tambem é graças a certo tipo de pessoas que digo com a maior mágoa, jamais farei parte de uma direcção, quiçá atrás de mim virá alguem com a mesma opinião e é pena.

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Europe - Uma classe áparte

Eu tive o prazer de velejar vários anos de "Europe", o barco de vela ligeira por eleição.
É um barco para o qual nem todos os velejadores são talhados, para além de nos ensinar a velejar, ensina como se aparelha uma vela, como se fáz para uma vela ficar bonita, hoje vejo que o nosso clube investiu em Lasers, nada mais correcto em função dos tempos que correm.
Mas desculpem os laseristas, enfiar uma mastro numa vela, caçar esteira e boom-jack, pronto, vamos para a água, então e o resto das afinações?
Desculpem, mas não estão lá.

O Europe era aquele barco, que nos obrigava a virar de bordo ao mínimo ressalto de vento, com pouco vento formáva-mos a vela com o barco adornado para sotavento, quando o vento soprava mais bruto era o aguenta se puderes, a vaga curta do Tejo mantinha sempre o barco cheio de água e o velejador sempre encharcado, a popa raza obrigáva a levar a cana de leme no meio das pernas, muitas vezes o barco saía debaixo de nós e lá íamos a nadar atrás dele, até calmamente entrar na orça, e ficar com a vela a bater, qual bandeira ao vento.
Não tenho palavras para descrever o velejar naquele barco instável de casco redondo.
Aos 17 naufraguei de Europe, abri a quilha ao meio no meio de uma nortada em frente a Vila Franca de Xira, descia o rio após passar a noite na Praia dos Cavalos, fadiga de material, dizem, eu digo assim, tava uma nortada do caraças e nunca vi um barco andar tanto a um largo folgado, parar por as velas encherem no sentido inverso da marcha devido á velocidade com que surfava a onda e voltar a disparar novamente.
O resultado foi umas horas a nadar e o constante subir e descer do casco virado ao contrário, a nortada arratava para a margem Sul e a ondulação não nos deixava ficar de pé, até que o "Benfica", canoa do tejo, me foi buscar, a mim e ao barco, porque esse tinha de vir para terra.
Tenho um exemplo de um velejador, construtor e arquitecto naval, exemplar a todos os niveis, de seu nome Delmar da Silva Conde, tem um Veleiro de 12 metros, tem 1 Vouga, tem 1 49er, mas tem um Europe.
Ainda hoje falamos várias vezes sobre esse pequeno mas grande barco de vela ligeira, ele diz, "virei-me várias vezes de Europe, nunca soube porquê".
O Europe é assim, , um barco nem sempre fácil de velejar, gostamos dele e pronto, secalhar tambem não sabemos porquê.
Já foi uma classe olimpica, agora temos os Finn, não é mais que um Europe mais crescidinho.
Eu tive o prazer de velejar vários anos num Europe, este barco que fazia velejadores.


Europe a bolinar com vento fresco, pormenor da barra de escota com o carrinho colocado a sotavento da linha de meia nau