domingo, 24 de maio de 2009

De seu nome, José Lopes

Na saga das histórias que se contam por estes lados, sobre o trimarã fundeado á vários anos em frente ao museu d'Alhandra, e sobre o navegador seu proprietário, cumpre-me informar que privei uns momentos com o Zé, na oficina onde pratica os seus biscastes, junto á doca de Belém.
Mais uma vez fiquei com a noção que estava na presença de uma pessoa com a qual gostariamos de estar todo o dia a falar sobre o mar e navegar.
Conheci o Zé e o Olympus, vai para 12 anos, quando aportou a Alhandra vindo de uma travessia oceanica Brazil - Lisboa, trazia o sonho de recuperar este barco e de o colocar a navegar nas devidas condições, manteve o nome original de "Olympus" (antigo patrocinador), na esperança de um dia conseguir falar com alguem da dita marca e recuperar este patrocinador, tal não se chegou a concretizar, como ele próprio diz, não tem o dom da palavra para esse tipo de coisas.
O Zé conheceu o "Olympus" no Clube Naval de Ponta Delgada, onde foi skipper da embarcação e chegou a ganhar algumas regatas, nomeadamente uma em que chegaram á linha de chegada e ainda não estava lá ninguem.
Diz que era um barco fenomenal a velejar, chegava muitas vezes aos 25 nós, até que um dia lhe partiram o mastro.
Comprou o barco e desceu até ás Canárias, Cabo Verde e atravessou para o Brazil, onde chegou com a proa a meter água, a proa estava reparada em madeira de criptoméria e havia apodrecido, de hora a hora tirava uma centena de litros de água a balde, foi nesse estado que fez a travessia do Brazil para Portugal, onde fundeou na doca do Poço do Bispo, mas como a proa tinha de ser reparada, o "Olympus" veio para Alhandra, onde ainda hoje se encontra.
Falou-me de outro seu barco, um Van de Stadt, o "Tristão",que foi buscar a Tristão da Cunha, considerada a ilha mais remota do planeta Terra, situada no Atlantico Sul, o barco estava em mau estado, mas veio por aí acima e chegou nele a Lisboa, diz que esse barco ainda hoje navega ali para os lados de Belém.
Mais uma vez fiquei com a noção de que estava na presença de um homem sábio, amante do mar como ninguem que tenha conhecido até então.
O Zé é como costumo dizer, um daqueles livros que nunca se escreveram, ou como já me disseram em Belém, "o mais conhecido dos navegadores desconhecidos".
Hoje, 24 de Maio, do ano da graça de Deus de 2009, o Zé estava em Alhandra a cuidar do "Olympus".

2 comentários:

Anónimo disse...

ena! o Zé! Tá com bom aspecto o gajo :)

Onde é essa oficina? Um destes dias quero fazer-lhe uma visita...

João Manuel Rodrigues disse...

A Oficina fica nas trazeiras da FPV, no beco entre a rede e o edificio, se fores a andar para juzante, é a 2ª porta a BB.

João