Ontem almocei com o Rui S. em Arruda, falamos do seu projecto do Multichine 45, e de outras navegações, e quando se fala em navegações por estes lados, vem sempre á conversa o paradeiro do "Cigano do Mar", vulgo Zézé, de seu nome José Lopes.
Lembrei-me que algures tinha o seu numero de telefone e hoje falei com ele, está vivo, disse-me que não tem vindo trabalhar no barco, dentro da sua humildade, a vida não o tem permitido económicamente, mas o sonho de colocar o "Olympus" a navegar mantem-se, o Zé é assim, possuidor daquele brilho nos olhos e da matéria de que são feitas os sonhos.
Disse-lhe que um dia destes tinhamos de falar pessoalmente para fazermos uma crónica mais alargada, adorou a ideia, tenho é de ir a Belem ter com ele.
Despediu-se, agradecendo por me ter lembrado da sua pessoa, acho que no Domingo vou passear a Belem.
A foto acima e o texto que se segue foram retirados do blogue "Peixeagulha"
"Apanhei esta foto, por acaso, entre coisas que ando a mudar de sítio.
Digitalizei-a e aqui está.Este barco apareceu no Clube Naval de Ponta Delgada, oferecido, suponho eu, pela Direcção Regional dos Desportos.
Tinha sido comprado pelo Governo Regional ao proprietário, na ocasião, Deocleciano, qua o havia restaurado, a partir de muito pouco, na Terceira. Coragem, a do Deocleciano.
De seguida ele viria a ganhar outro salvado, novamente um trimaran, o Intermezzo (onde morreu assassinado o seu proprietário,em 2006, no Algarve).
Eram barcos a mais para o Deocleciano que, ainda por cima, tinha o vício de construir barcos ( "Vénus", o catamaran, também é dele).
Assim, o "Olympus" ia ser entregue, em mão, ao Clube Naval que o quisesse e, nem na Terceira, nem no Faial o queriam.Como estava na Direcção do CNPD nessa altura, acreditei que seria bom para o Clube e, que para além disso, não seria oneroso.
E, assim foi.O Olympus passou a estar bem equipado, com uma boa caixa de ferramentas, um bote anexo, com um motor de 2 cv e o seu próprio motor auxiliar que às vezes funcionava.Foi criada uma lista de comandantes autorizados e uma tabela de preços para aluguer.
Quanto à lista, houve polémica de sobra. Apesar de serem todos barcos, há diferenças entre um paquete e um boca aberta e, há que respeitá-las.
Do mesmo modo, ninguém nasce ensinado e há que aprender. A modéstia é boa conselheira.
Seguindo, com o dinheiro ganho, sempre se conseguia melhorar qualquer aspecto.Do palmarés, há uma regata Horta-Velas-Horta, com o Manel Mota, Marques Moreira (pai), Marco e não sei se mais alguém, em que o Olympus largou da Horta e chegou a Velas, antes da corveta que deveria registar as chegadas.
Não sei se a 15 ou 20 nós, alguém o confirmará, viagem essa concluida com uma bela atracagem à vela na "marina", no antigo saco do porto de Ponta Delgada.Numa viagem de Santa Maria, para S. Miguel, com destino posterior nas Flores e, a uma velocidade de cerca de 15 nós, o mastro andou. Era de esperar que acontecesse, tal era o estaiamento, mas como bons tesos, sempre pensamos que aconteceria mais tarde.
Esta é a famosa "viagem das pedras" à qual regressarei mais tarde.
Reboque para Santa Maria e, mais tarde, para S.Miguel.Depois, os seguros e a falta absoluta de vontade dos sócios do CNPD em defender o barco. Aliás, "Sírius" de fora, nunca mais defenderam nada que navegasse: Vougas, baleeiras, Olympus, Wings e até mesmo o "peix' Agulha".
Estranho, não é?Foi longo abandono do "Olympus" , até à sua posterior compra por alguém que ficou apaixonado pela sua singularidade, o Zé, uma das pessoas mais apaixonadas pelo mar que conheci em toda a minha vida.
Pronto (quase) o restauro do Olympus, ainda viriamos a ganhar ao "Intermezzo", tripulado pelo Deocleciano, uma regata Ponta Delgada - Ribeira Quente."
asc-vela
Há 12 anos