domingo, 25 de maio de 2008

A escolha de um barco

Para muita gente, ter um barco é um sonho, para mim é uma forma de estar na vida.

Nos cursos de navegador de recreio, nomeadamente na graduação de Marinheiro e/ou Patrão Local, grande percentagem dos formandos não tem barco e como tal têm sempre uma pergunta presente, "qual o barco que aconselhamos?"
Passo a expressar a minha opinião pessoal a esta questão, que não é fácil de responder, tudo depende da disponibilidade de tempo, do que cada um pretende fazer, das condições de parqueamento, da disponibilidade financeira para o empate de capital e já agora e muito importante, "será que estamos vocacionados para ter um barco?"
Para já uma coisa é certa, "quanto maior é a nau, maior é a tormenta", ou seja, quanto maior for, mais caro será adquirir e manter.
Depois teremos de pensar se vamos ter tempo para a sua utilização, só assim se justificará as despesas.
Numa primeira fase temos de começar a separar as águas, motor ou vela (se quiserem a remos, comprem uma canoa ou kayak).
- Embarcações a motor:
Se o que queremos é dar uma voltinha ao fim de semana com amigos ou familia, uma lancha aberta com um máximo de 5 metros serve perfeitamente, sempre podemos colocar um toldo (Bimini) para nos proteger do sol e alguma chuva, dentro deste comprimento tambem existem embarcações cabinadas ou semi-cabinadas, que nos proporcionam algum abrigo, possibilidade de maior arrumação de toda a palamenta e inclusivé poderemos pernoitar.
Este tipo de embarcação quando fabricada em PRFV (poliester reforçado a fibra de vidro), tem muito pouca manutenção e dentro do comprimento indicado, podemos com alguma facilidade colocar e tirar da água em rampa.
Menor comprimento do que 5 metros julgo que não vale a pena, mas sempre temos as embarcações semi-rigidas que são consideradas as "todo o terreno", bastante mais leves que em fibra de vidro, necessitam de menor potencia de motor, logo menor consumo de combustivel, no entanto temos de ser bastante mais cuidadosos na escolha da tela dos flutuadores e na sua manutenção, estas embarcações pecam pela falta de espaço interior, uma vez que aproximadamente metade do espaço interior está ocupado pelo diametro dos flutuadores.
Normalmente são utilizadas nas escolas de vela, mergulho, equipas de caça sub, pela sua versatilidade, capacidade de se deslocar e colocar na água.




- Embarcações á vela:
Técnicamente mais dificeis de manobrar, temos de saber velejar, o que não se aprende em dois dias.
Mas se este problema está ultrapassado, a oferta é bastante ampla, mas novamente aparecem as questões e aqui ainda são mais complexas:
Grande, pequeno, tipo e material do casco, tipo de quilha, tipo de aparelho e mais uma vez, o que é que nós queremos fazer.
Ao escolher o Veleiro temos de pensar na finalidade e no local onde navegamos, se o que queremos é um passeio de fim de semana para 2 ou 3 pessoas, em águas calmas, rio, estuário ou zona costeira abrigada,
temos embarcações de 6 metros a 8 metros (20 a 26 pés), que tendo o minino de conforto será suficiente para esse fim, com a vantagem de serem fácilmente manobráveis por uma só pessoa.
Quando não há vento, este tipo de embarcação poderá ser propulsionado por um pequeno motor fora de bordo (de 8 a 15 HP), tendo uma manutenção bastante reduzida ao nivel deste aparelho propulsor.
Teremos de ter em conta o tipo de quilha, as embarcações de embarcações de quilha fixa serão mais adequadas para uma utilização costeira ou oceanica, pelo que as embarcações com quilha rebativel ou de recolher (derivador), serão para uma utilização mais a nivel de estuários e zonas de baixios influenciadas pelo fluxo de marés.
As vantagens de um Veleiro maior, serão óbviamente o acréscimo de conforto, alojamento, maior velocidade, assim como maior raio de acção, sendo normalmente utilizadas para navegações oceanicas a partir dos 9 metros (30 pés).
Aqui os custos de manutenção já serão mais avultados, quer a nivel de tratamento de casco como de manutenção do aparelho propulsor ou seja:
Num veleiro de maiores dimensões temos de contar com a manutenção mais onerosa de de um motor interior, assim como do sistema de transmissão que poderá ser de linha de veio ou SailDrive.
A tudo isto ainda há que juntar os custos de alojamento ou parqueamento.

segunda-feira, 5 de maio de 2008

Da Ria de Arousa á Póvoa de Varzim

Dia 30-04-2008

Saída de Aveiro em auto-pullman com destino a Proba do Caramiñal, onde chegámos cerca das 0200 da matina (hora local) do dia seguinte.


Proba de Caramiñal

Dia 01-05-2008

Dia de passeio e preparativos, após um almoço onde aproveitámos para provar a gastronomia local, a organização ofereceu um passeio pelos concelhos da Ria de Arousa e a alguns pontos de interesse turistico.


Miradouro da Pedra da Rã



Parque Natural das Ilhas Atlanticas

Ao longe, o Cabo Finisterra

Regressados ao Caramiñal, eram horas da cerimónia de abertura, onde fomos presenteados com um repasto de iguarias locais, com o famoso mexilhão sempre presente.

Depois de jantar foi altura de efectuar os preparativos para a navegação do dia seguinte, o Cmdt Veiga não iria estar connosco nesta etapa, eu e o Julio Quirino assumiamos o comando do NVV Veronique, fizemos o reconhecimento das cartas e marcámos os respectivos waypoints de passagem entre as ilhas nos nossos GPS.


Dia 02-05-2008 Proba do Caramiñal - Vigo 32 Milhas


Fomos para a água por voltas das 0900, sem vento e descemos a Ria de Arousa em direção ao mar, ás 1045 foram efectuados os procedimentos de largada, o vento apareceu mas de Sul chegando por vezes aos 15 nós, outras vezes caía para os 3 nós, eu e o Julio iamos alternando no leme consoante o bordo, fizemos a passagem das Islas Onza sem problemas, á chegada ás Islas Cies fomos acompanhados por um cardume de golfinhos que nos indicaram o caminho até á Ria de Vigo.


A frota a descer a Ria de Arousa



Passagem nas Islas Onza



Cabo Del Home, entrada na Ria de Vigo

Entrámos na Ria ao anoitecer e o vento foi-se, ás 2200 estávamos em terra. O Cmdt Veiga estava de volta para no dia seguinte assumir o comando do NVV Veronique e aguardava a nossa chegada com uma feijoada de samos para a próxima viagem.


03-05-2008 De Vigo á Póvoa de Varzim 55 Milhas


NVV Véronique em Vigo

1000, Largada para esta etapa com vento N dentro da Ria, 10 minutos depois não havia vento, o Cmdt Pardal Sepikingue do "Celta Morgana", era o primeiro a anunciar que iria ligar motor e seguir em frente para Portugal (dali nem bons ventos), vários outros se lhe seguiram.

Por volta do meio dia, ouvia-se pela rádio que a frota que estava em frente ao cabo Sileiro estava a levar porrada e a equacionar recolher para Baiona, para nós estavamos em frente ás Cies a almoçar sem vento.

Mal acabámos de almoçar começámos a levar por atacado, 30 nós de vento pelo focinho e ondulação da boa, recolhemos pano á proa, metemos motor e com a vela grande em cima seguimos para a nossa terra.

Rumo ao Cabo Sileiro



Á passagem no Cabo Sileiro, as coisas não estavam boas, no entanto ouviamos pelo VHF, que as condições melhoravam em La Guardia, a frota Aveirense equacionava entrar no Porto de Viana do Castelo, o Cmdt Licas do "Zurk" comunicava via rádio que em Viana o vento estava a cair e mar e o mar já estava com vaga larga, o "Casvic" informa que fica em Viana, o resto da frota segue para a Póvoa. Realmente as coisas estavam bastante melhores aqui deste lado da fronteira e á passagem pelo farol de Montedor o mar era de vaga larga e pouco vento.

Pelas 2300, a 7,5 milhas do porto da Póvoa e sem vento, deparamo-nos com uma situação de pouco combustivel, o esforço feito das Cies até Caminha no meio da borrasca, estava agora a ser pago, vamos tentar chegar á vela, após 2 horas de tentativas, os 3 nós de vento eram insuficientes para mover as 9 toneladas do NVV Véronique.

Não tivemos outra hipótese, o "Tibariaf II" estava a 3 milhas da nossa posição, o Cmdt Berna prontificou-se de imediato a vir ao nosso encontro trazer combustivel.

Por volta das 0200 do dia 4 de Maio entravamos a barra de Póvoa de Varzim



As luzes de navegação do "Tibariaf II" do Cmdt Berna, quando veio ao nosso encontro.

(Brevemente mais desenvolvimentos desta viagem em http://mamalhandra.blogspot.com/ )