sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Europe - Uma classe áparte

Eu tive o prazer de velejar vários anos de "Europe", o barco de vela ligeira por eleição.
É um barco para o qual nem todos os velejadores são talhados, para além de nos ensinar a velejar, ensina como se aparelha uma vela, como se fáz para uma vela ficar bonita, hoje vejo que o nosso clube investiu em Lasers, nada mais correcto em função dos tempos que correm.
Mas desculpem os laseristas, enfiar uma mastro numa vela, caçar esteira e boom-jack, pronto, vamos para a água, então e o resto das afinações?
Desculpem, mas não estão lá.

O Europe era aquele barco, que nos obrigava a virar de bordo ao mínimo ressalto de vento, com pouco vento formáva-mos a vela com o barco adornado para sotavento, quando o vento soprava mais bruto era o aguenta se puderes, a vaga curta do Tejo mantinha sempre o barco cheio de água e o velejador sempre encharcado, a popa raza obrigáva a levar a cana de leme no meio das pernas, muitas vezes o barco saía debaixo de nós e lá íamos a nadar atrás dele, até calmamente entrar na orça, e ficar com a vela a bater, qual bandeira ao vento.
Não tenho palavras para descrever o velejar naquele barco instável de casco redondo.
Aos 17 naufraguei de Europe, abri a quilha ao meio no meio de uma nortada em frente a Vila Franca de Xira, descia o rio após passar a noite na Praia dos Cavalos, fadiga de material, dizem, eu digo assim, tava uma nortada do caraças e nunca vi um barco andar tanto a um largo folgado, parar por as velas encherem no sentido inverso da marcha devido á velocidade com que surfava a onda e voltar a disparar novamente.
O resultado foi umas horas a nadar e o constante subir e descer do casco virado ao contrário, a nortada arratava para a margem Sul e a ondulação não nos deixava ficar de pé, até que o "Benfica", canoa do tejo, me foi buscar, a mim e ao barco, porque esse tinha de vir para terra.
Tenho um exemplo de um velejador, construtor e arquitecto naval, exemplar a todos os niveis, de seu nome Delmar da Silva Conde, tem um Veleiro de 12 metros, tem 1 Vouga, tem 1 49er, mas tem um Europe.
Ainda hoje falamos várias vezes sobre esse pequeno mas grande barco de vela ligeira, ele diz, "virei-me várias vezes de Europe, nunca soube porquê".
O Europe é assim, , um barco nem sempre fácil de velejar, gostamos dele e pronto, secalhar tambem não sabemos porquê.
Já foi uma classe olimpica, agora temos os Finn, não é mais que um Europe mais crescidinho.
Eu tive o prazer de velejar vários anos num Europe, este barco que fazia velejadores.


Europe a bolinar com vento fresco, pormenor da barra de escota com o carrinho colocado a sotavento da linha de meia nau

1 comentário:

Anónimo disse...

hoje vi que estiveste a treinar, desculpa que te diga, velejadores assim precisam-se, mas o barco não era o mesmo, faltava qualquer coisa a bordo.