domingo, 4 de abril de 2010

De volta na água

Um dos maiores ícones de águas de arriba Tejo, está de volta na água, como dizem os marinheiros, "barco parado não faz viagem", fomos por água acima na abertura da época estival.
A meteorologia não estava muito convidativa, mas já tivemos pior, d'Alhandra apenas saiu o "Fulô" (o tal que vale por 3), e o "Falua", por voltas das 1430 do dia 2 de Abril largaram amarras da Mui Nobre e Real Marina d'Alhandra com destino á vila ribatejana de Valada do Ribatejo.
Esta nossa primeira viagem do ano, estava envolta em grandes duvidas quanto ás condições que iríamos encontrar no plano de água acima, senão vejamos:
Muito lixo, troncos ainda a derivar, o provável assoreamento das calas navegáveis devido ás enxurradas, e para compor o ramalhete, um batelão que havia sido arrastado pelas águas e estava afundado em parte mais ou menos incerta do canal de acesso a Valada.
Com tais incertezas pela frente colocámos como ponto de partida o inicio da enchente, pelo que iríamos em cima da primeira água, outra condição "cinequanon" era de que baixaríamos as velas em frente a Salvaterra, para fazermos a ultima parte do percurso o mais cuidadosamente possível.
E com tais incógnitas pela proa, lá nos fizemos água acima, mas afinal não estava tudo virado do avesso como pensávamos, as calas estão lá, no mesmo sitio, navegáveis, no entanto os cabeços estão mais assoreados, ficando visíveis com maior altura de água, nomeadamente, na zona da ponte da Lezíria e nas Obras (Azambuja), entre a Vala de Salvaterra, Lezirão e Quinta das Areias, e já com as velas em baixo, passamos na lotaria de bóias, redes abandonadas e em uso.
Faltava o desafio final, o batelão desaparecido, assim que nos aproximámos do enfiamento do pinheiro, vimos uma forma de charuto que sobressaía das águas, era ele, devido ao baixar dos níveis das "águas de cima", já aflorava á superfície mostrando o costado de BB, estando deitado sobre o seu EB, mesmo ali, ocupando o ultimo terço do canal de acesso, bem em frente á Ilha dos Pássaros (ou do Amaral).

Depois de nos juntarmos á flotilha da ANC que já se encontrava atracada no pontão, chegámos á conclusão que está tudo na mesma, mas em versão "pior", se queremos condições temos de as levar connosco, a água potável continua a 300 metros de distancia, os 10 metros de distancia ao poste de electricidade continuam num horizonte longínquo, mas se o que nós queremos é sossego e adormecer ao som do sino da igreja, se calhar o melhor é ficar tudo assim.

E valada é assim mesmo, o progresso passa ao lado, e no fundo até gostamos.

O regresso fez-se no domingo na vazante da manhã, com um NE fresquinho, com o pessoal a abrir pano á passagem por Salvaterra e uma velejadela de muito luxo até á Mui Nobre Vila d'Alhandra, onde aportámos pelas 1400 horas locais.

(Dedico esta minha primeira viagem d'agua acima deste ano, a todos os gloriosos navegadores dos barcos em terra, e Patrões de Esplanada)

6 comentários:

Anónimo disse...

Patrões de esplanada que agora nem isso são. Andam todos com o fogo no cú e agora, em vez de uma cerveja por cada folha de lixa gasta, já só lá vão a cada 3 lixas e meia :D

Ficaram com inveja da gente :)

João Manuel Rodrigues disse...

A inveja é uma coisa muito feia...

Unknown disse...

Obrigado pela dedicatória e pelo reconhecimento da propriedade da indevidamente chamada "ilha dos pássaros".
Embora não me reveja no comentário do nosso estimado amigo Pedro e não sendo, com muita pena minha, assiduo navegador nem a vento de porão,ainda vou bulindo qualquer coisa e gastando um pouco mais de lixa que aquela que ele refere.
Não é por acaso que chamam à Medusa "o barco mais intervencionado de alhandra". (sem modéstia,tambem, o mais bonito dos que navegam pouco)
Amaral

Anónimo disse...

Eh eh eh

Eu cá chamei as coisas pelos nomes! E a Ilha do Amaral é a Ilha do Amaral, isso de ilha dos pássaros é modernice, e toda a gente sabe que pássaros a valer, daqueles que cagam o Fulô de fora a fora, só os há em Alhandra...

Quanto ao gasto de lixas, a Medusa tem desculpa. Afinal os barcos com mais de 40 anos, como já antes referido algures em meu próprio abono, têm tolerância na dimensão e frequência dos trabalhos que requerem, mais a mais essa baleeira, que não fora o Amaral e já estaria a fazer de poita abandonada num lado qualquer há muito tempo...

Por tal, força com isso que o Verão não tarda e é preciso malta em Valada de prevenção! :)

Unknown disse...

A propósito e já que o elemento afundado frente à minha ilha está mais que fotografado, alguem sabe a quem pertence o "submaralho"?
É que qulquer dia um marado qualquer faz daquilo um segundo pontão de Valada ou, quem sabe, talvez uma marina. E depois, onde fica o sossego para almoçar à sombra das árvores?

João Manuel Rodrigues disse...

Secalhar alguem tem de perguntar ao presidente da junta, se é que o senhor sabe o que se passa deste lado do dique.

João