domingo, 23 de agosto de 2009

Por água acima, mais uma vez

O fim de semana de 22 e 23 de Agosto foi propicio a uma velejadela de luxo por águas Taganas, desafiei o Jorge e a familia, efectuei uma requesição civil ao meu grumete e moço de convés (lá se foi um fim de semana sem Play Station), o Jorge desafia o Zé Calçada e fica composto o ramalhete, arrancamos depois de almoço rumo a terras de arriba-tejo.
Saímos da Mui Nobre e Real Marina d'Alhandra pelas 1500 H Leg, nortada rija pela proa, provocando alguns arrepios a pessoal, digamos que menos habituado a ver um barco a andar mais de lado do que direito.
Entretanto o Zé, na sua esbelta embarcação motorizada "Al Hamma" ficou de ir mais tarde no nosso alcance, o que sucedeu pouco depois da nossa passagem pela ponte da Leziria, suspiro de alivio para os tais menos habituados que imediatemente solicitaram o seu transbordo para a embarcação motorizada.A viagem correu sem incidentes de maior com a nortada a crescer pela tarde fora, com vento entre os 17 e os 23 nós, com a Quinta das Areias pelo través de BB, sou alertado pelo meu Grumete, que da vigia da proa dá o alerta, "ó pai, o cabo azul tá-se a partir", era o cabo do enrolador da genoa que estava a dar mostras de fadiga e como tal enrolei a genoa e anulei a sua função.
Á chegada fomos saudados pelas tripulações que lá se encontravam, o Paulo "Beluga", Marco "Oceanus", Zé Bonito "Magnum", e o Ti Vitor (mestre da traineira) que assim que viu chegar o Veleiro mais bonito do universo, quiça mesmo d'Alhandra, se prontificou a retirar a embarcação auxiliar para me ceder o seu lugar, ás 1800 horas locais estavamos atracados no Mui abandalhado pontão de Valada.

O Paulo e o meu moço de convês que entretanto queria ir para a praia

Hora de um repasto, pouco antes de o "Al Hamma" regressar á terra com o mesmo nome, a tripulação do "Volare, ficaria reduzida ao comandante e ao grumete, digamos que até bastante habituado a estas andanças.
Acabámos a malhar umas bifanas na tasca da Ti Rosa, de onde saímos já o serão ia alto e dirigi-mo-nos para o "Bar Tejo", era noite de Karaoke.O Ti Vitor, mestre da traineira, recordava os cacilheiros do Tejo e cantava "... e navegando, a idade foi chegando, os cabelos branqueando, mas o Tejo é sempre novo..."

As tripulantes diziam que eram doces, e cantavam "... fecha a porta e tal, amanhã de manhã ...", até porque esta noite já não havia condições.

A mim só me pôem a cantar o "homem do leme", os Skippers presentes cantavam em coro.

Domingo, acordo cedo com o som caracteristico das adriças a baterem no mastro, mau presságio, vento já a esta hora? Não é normal e muito menos em Valada, mas pronto se estamos habituados a levar com ele de tarde, nada como para variar levar com ele logo pela manhã, e foi assim, nortada até á Azambuja, á vista da Pt da Leziria o vento cai na totalidade e dá lugar a um mar (rio) de azeite até Vila Franca, á passagem da Pt Marechal Carmona vem novamente a nortada (a tipa tave entre pontes), que nos acompanhou até á nossa Mui Nobre Vila d' Alhandra.

O bote d'agua acima da Camara de Azambuja (o "Vala Real"), saía para mais um passeio matinal

O grumete ainda fez uma boa parte da viagem nestes modos, não se passava nada e o que se passava era em sonhos.

A tripulação esperava o vento, que segundo o grumete, habituado a levar com as nortadas. desta vez "estava fraquinho"

Azeite

Perto das 1400 H Leg, e já a levar com a nortadada, aportámos á Mui Nobre e Real Marina d'Alhandra.

Em jeito de conclusão, gosto muito de navegar no mar, vou para lá navegar sempre que posso e disfrutar da sua imensidão e poder, mas o Rio, o nosso Tejo, é lá que realmente me encontro, na quietude e na beleza das suas margens.

Venham de lá as nortadas, as nordestadas, as suladas, as correntes e as refregas, cá nos encontramos, e entretanto aguardamos pacientemente pelo final de Setembro, pelo Equinócio e o mês de Outubro, para mim, o melhor mês para navegar.

Apenas porque, "navegar é preciso".

5 comentários:

Jorge disse...

Bom dia.Apenas para deixar um esclarecimento.
A tripulação que abandonou uma embarcação que adorna, (embora sem tocar com o mastro na agua)não o fez por receio, nem medo nem "cagufa". A razão é que assim conseguiram ir a conversar durante 09 (nove) longas horas. Só gostava (ou talvez não) de saber o que se conversa durante (nove longas) horas.
João, muito obrigado pela oportunidade de passar um dia diferente, e de fazer parte de uma realidade que desconhecia.Jorge.

joao madail veiga disse...

Ah e tal, não me levas a palma que nós, se bem que dentro da Ria e se bem que numa marina clandestina, mas muita boa, participamos no Festival do bacalhau, com samos caras e tudo.
Prontes....

João Manuel Rodrigues disse...

"Ah prontes e tal, temos de ir ao Porto, talbez a Bila do Conde, vê lá as datas, encomenda as marés, vê lá quando te dá jeito, secalhar até trazes o barco sózinho para baixo, o Sócraste, telefonou a dizer que tenho de ir botar nele".

Depois aquela parte do "vamos de qualquer maneira, até entramos de lado" é que não percebi, mas prontes.

João

Jorge disse...

Bou tentar falar estrangeiro como vós.
Leiam debagar, que talbes intendam.
Se for nexessário um "moxo de conbés", que até xabe pedir Gin Atónico no marYarte, para ir vuscar o iate a Bila du Cuonde contem comigo.
Eu até já aprendi a dizer "Vou-me arrochar"...
Jorge

Jorge disse...

Esse pessoal do Norte, fala nas marinas clandestinas, no bacalhau (se calhar com alho), mas convidar os mouros para lá ir Tá quieto.
"Temos as marinas, temos Ria, temos bacalhau, mas não queremos sulistas."

Anonimo Jorge