quinta-feira, 24 de julho de 2008

O regresso ás origens

Estou a regressar de corpo e alma á minha terra, quer queira, quer não, vou estar sempre ligado a ela, á borda d'agua, aos barcos e a tudo o que ela representa para mim.
Hoje alimento um sonho de teenager, vivo a bordo, sempre pensei que seria fixe, neste momento a imposição dá origem a um pequeno sentimento de frustação, não devia ser assim, não desta maneira.
Agora é Verão, aproveita-se o Sol até ele desaparecer por detrás da igreja, deito-me no poço, ao crepusculo coloco uma toalha nas pernas e adormeço por meia hora.
Recordo os tempos em que fazia o que gostava de alma e coração, as subidas do Tejo até á praia dos cavalos ou até Azambuja, as noites no cais 14 a comer melão.
Sempre gostei do mar, hoje sempre que posso o vou ver ou navegar nele, mas em primeiro lugar tá o rio, o Tejo, é ele que me transmite a tranquilidade ao navegar nas suas águas e é nele que me encontro.
Agora sempre que eu e o NV Volare largamos amarras da Marina d'Alhandra, fazêmo-lo com um inigualável sentimento de liberdade, vamos andar á vela, vamos velejar, sobretudo vamos de espirito livre.
Alguem me diz que me estou a passar, quiçá tou a dormir pouco, não respondo, estou a renascer ao fim de alguns anos, tou a viver.

domingo, 20 de julho de 2008

Cinquenta publicações

Ontem editei a minha publicação nº 50 e nem dei por isso, desde a minha conversa com o Julio Quirino após uma regata em que o "Volare" e o "Nagual" cruzaram proas durante cerca de 5 Horas, foi no seguimento desse evento que o Julio me deu as dicas para a criação deste espaço.
A experiência vivida desde aí tem sido deveras gratificante, tenho conhecido gente espectacular com as quais tenho partilhado momentos unicos, não vou enunciar nomes pois posso cometer a injustiça de me esquecer de alguem, assim como aos leitores assíduos deste blogue, a todos o meu obrigado.

Dediquei este blogue a quem sempre me apoiou, ás pessoas que mais infuenciaram a minha educação e formação como pessoa, os meus pais que sempre aturaram e continuam a aturar as minhas doideiras, maluquices, etc, e que quando eu regressava do mar estavam á minha espera, ainda hoje vêm todos os dias á borda d'agua ver se tudo está bem comigo ou com o barco, e continuam a "partir-me" a cabeça.

Ao meu avô, que me levou sempre a nadar para o rio, e me amparava os "golpes" de uma infância vivida na borda d'água.
O Manel Lourenço, como lhe chamavam, deixou-me desamparado aos 13 anos, era o meu maior amigo.

Seria injusto não mencionar o meu tio João que me ensinou a pescar, muito do que sei hoje sobre pesca aprendi com ele.

O "NV Volare" vai continuar a navegar na blogosfera enquanto eu mantiver o estado de espirito que dá alma a este blogue, o espírito da minha terra, a Alhandra, do meu barco e o espírito de alguem muito especial...

sábado, 19 de julho de 2008

O seu a seu dono

Retirado do Blogue "Alhandra á Vela" de Pedro Cabral asc-vela.blogspot.com


"Mudando de assunto. Começaram hoje os treinos cronometrados para o mundial de Delmar Conde DC740. Diz quem viu que, cortesia do vento de encomenda, até houve um certo Volare que estava a andar quase tanto como um certo Azul (aqui com um pouquinho de imparcialidade do autor porque, na realidade, até andou mais ).Assim sim. Velejadores precisam-se em Alhandra, para andar nos mal-parados que são aos molhos por lá..."

Agora digo eu:

Para quem chamava de Carroças aos DC's, relembrem a Regata Belem - Alhandra do ano anterior em que um DC 740 denominado "Volare", partiu a barra de escota e foi a ultima embarcação a largar e com a escota da vela grande a trabalhar na escada do salão fez uma recuperação de trás para a frente, deu uma monumental "passa" aos regateiros Figaros e a outros tais.
Mas como não se vive só de recordações, lanço aqui o repto, a edição deste ano do Belem - Alhandra vai contar para a Copa do Mundo de DC 740, neste momento o "NV Volare" e a sua tripulação assume-se como embarcação desafiadora neste evento.



Habituem-se a ver este painel de popa

Uma tarde de luxo

Dia 19 de Julho, com o virar da maré apareceu um ventinho de Sul, certinho, 8 a 10 nós, o ideal para velejar o DC 740 e relembrar os tempos do Moth Europe e os bordos curtos junto á margem, esta era a unica maneira de vencer a enchente e o Sul, minimizar o bordo de atrazo e rentabilizar o bordo de avanço.
Não esperei mais e antes do meio dia já o NV Volare saía da Real Marina de Alhandra para uma sessão de treino, os Optimists e Lasers já lá estavam, seguiram-se o Paulo no seu Hobbie Cat e o Mário no seu Mini-Transat "Azul".

Bordejar no meio da frota de Optimists





O bordo para a margem, rentabilizar o bordo de avanço


Por volta das 16 horas, dei-me por satisfeito, á algum tempo que não velejava em situação tão favorável para o meu barco, regressei a terra completamente extenuado, tinha sido 4 horas de bolinas cerradas, em bordos curtos, a unica trégua que tinha era quando fazia uma milha a favor da corrente á popa raza em borboleta, colocava o piloto automático, ia beber água e num instante já estavamos novamente a bolinar de regresso à Alhandra.

Já agora um pequeno áparte, depois disto arrumei o material espalhado pelo chão (livros, copos, telefones, sapatos, etc), lavei o quintal e só então reparei que o meu Tridata informava que a água do Tejo estava a uns confortáveis 29,1 º centigrados, como tal adivinhar ver o que aconteceu depois deste treino.


quinta-feira, 17 de julho de 2008

A escolha de um Barco - Parte II

O meu barco ou o barco ideal
O barco ideal (não existe), como disse anteriormente, depende do usufruto que fizermos dele.
No meu caso, o meu barco ideal é um DC 740, tendo como principais caracteristicas uma grande optimização do espaço interior que não é comum em embarcações deste tamanho, um pé direito de aproximadamente 1,70 m, uma boca de 2,50 m, que permite ser transportável por estrada sem licenças especiais e um sistema de patilhão rebativel eléctrico, o ideal para navegação em águas baixas e zonas de estuário influenciadas pelos ciclos de marés.

A vantagem de ter patilhão rebativel

Como não há bela sem senão, tem o inconveniente de ter pouco lastro e o centro de gravidade alto, uma vez que grande parte deste lastro, se encontra imediatamente abaixo da linha de água, tem umas obras mortas acentuadas, o que se traduz nalgum adornamento mesmo em árvore seca quando o vento se faz sentir com intensidade, tudo isto o torna um barco bastante nervoso e quiçá indomável com vento acima dos 12/15 nós, sendo um barco leve, as suas duas toneladas de peso tambem não abonam a seu favor com ventos fortes, no entanto com ventos moderados torna-se um barco divertido de velejar, principalmente para quem vem da vela ligeira, como é o caso.
Para o que eu gosto e faço com ele, torna-se assim no barco ideal.
No entanto, para quem pretenda fazer mais navegação costeira (vá nos barcos dos amigos), aconselhamos vivamente uma situação acima dos 30 pés, (9 metros aprox.), sendo o ideal dos 34 pés para cima, neste segmento temos boas opções, nomeadamente ao nivel da auto-construção e com provas dadas, como é o caso de projectos em aço do Arqtº Gerard Chaigne, com alguns cascos a navegar nas nossas águas ("Casvic"; "She"; "Nichu's"; "Patrão Mor"; "Nagual"; "Baraton"; "Malabar"), ou do Arqtº Van de Stadt ("Maião"; "True Love"; "Blue moon"; "Babilé"), sendo cascos bastante fiáveis tambem para navegações oceanicas, até porque normalmente são logos equipados com equipamento a condizer, ao contrário da maioria dos barcos de série.

O "Casvic", agora pertença de António Candido, a sair a barra da Ria de Arousa, este barco conta no seu curriculo uma viagem de circum-navegação e uma ida e volta á India pela rota de Vasco da Gama, enquanto propriedade de Manuel Gomes Martins que o construiu.

No segmento de série, normalmente o equipamento standard é básico, e o opcional que deveria ser de série paga-se bem, no entanto tambem há no mercado bons barcos de série, para não falar nas marcas curriqueiras, gosto pessoalmente dos "Feeling" fabricados nos estaleiros "Kirie", uma vez que dispõe os seus modelos tambem na versão "derivador", isto até aos 44 pés, é obra.
No entanto se o nosso intuito for devorar milhas por mar e houver suporte económico para tal, as minhas escolhas recaiem sobre um "Grand Soleil" do estaleiro "Cantieri del Prado", um "Super Maramu" da "Amel" ou um "Najad".
Resta lembrar que o nosso compatriota Genuino Madruga, está neste momento a dar a sua segunda volta ao mundo em solitário a bordo de um Bavaria 36 o "Hemingway".

Não haja limites para sonhar, temos é de navegar.

quarta-feira, 16 de julho de 2008

Mais um regresso

O dia 11 de Junho amanheceu cinzento e com chuvisco, grande desilusão para o Cmdt Toka-Tokinha, que não foi á praia nessa manhã, a saída estava prevista para as 11 horas, pelo que fomos dar uma voltinha a penantes e bora para Alhandra.



Antes aproveitámos para tirar as fotos da praxe, nesta o Tejo mora lá em baixo.


Nesta vê-se que chegou a morar cá em cima.


Como é habitual nestas latitudes, a viagem é sempre iniciada sem vento, este normalmente só aparece depois da bica, entretanto o meu Imediato pedia-me "Ópai deixamiróleme".

Depois da bica, lá apareceu um ventinho W (oeste) pela proa, que me obrigou a 4 horitas de bolinas até á Alhandra, isto sempre com umas deslocações á proa para visualizar as boias das redes do meixão semi-submersas, enquanto o cinzento assumia o controle do leme.

Pelas 1530 H Leg, estavamos atracados na marina da nossa mui nobre Vila d'Alhandra.

quinta-feira, 10 de julho de 2008

In Search of the peace of mind

Mais um final de tarde em Valada do Ribatejo, a Luisa (Piu-Piu Team), tirou-me esta foto na minha pose vespertina habitual, a altura do dia que mais aprecio para ler, aquela horita antes do sol se pôr por detrás da vila.
Os outros frequentadores do pontão já preparam o jantar, eu por mim, recuso-me a abdicar dos ultimos raios de sol do dia.
É tambem altura de reflecção e meditação dos problemas que pretendemos resolver e esquecer no dia a dia, nesta altura em que que busco alguma paz de espirito, sinto que não estou infeliz.

Mais uma vez -Valada

Saída d'Alhandra no dia 09 de Julho de 2008 pelas 0815 H Leg, desta feita vinha a bordo o grande Imediato Cmdt Toka-tokinha, que desde o ano passado me implorava por uns 20 dias de férias em Valada.


A viagem foi efectuada com pouco vento pela proa até á ponte da Leziria (Carregado), pelo que até aí tivemos de utilizar o vento do Jerrycan, a partir desse ponto o vento começou a entrar com força 3 a 4 pela amura e través de bombordo pelo que conseguimos efectuar o resto da viagem á vela, chegámos a Valada pelas 1145 já a maré vazava.

Valada á vista, canal secundário



Upgrade efectuado a bordo, a inclusão mesmo com ligações provisórias de um painel foto-voltaico de 25 W,revelou-se bastante satisfatória.



As luzes dos meus olhos

Uma outra luz, 4º calhau a contar do sol, astro brilhante no firmamento, qual estrela cadente me pede um desejo e pergunta se estou feliz, ao que respondo...