terça-feira, 3 de agosto de 2010

Dias da borda d'água ( II )

O verão avança á velocidade da nortada, entretanto decido que o Vaurien não é barco para mim, lá consigo dar a volta ao Kebra para me distribuir um Moth Europe que lá andava aos caídos, era o "Zebra", tinha pertencido a um antigo campeão desta classe (Pedro Cavaco), agora re-baptizado com o nome de "Este" (Leste), outra um supra sumo da classe, do alto dos seu 30 anos, ostentava um mastro de fibra vegetal (madeira) remendado, uma retranca do mesmo material, um boom-jack de roldana e cabo d'aço e um trapo branco com o nº P-287.
Para comemorar o bota-abaixo organizamos uma subida do rio até ás "Obras" (Azambuja), mas como estávamos de castigo não nos foi concedida autorização, ou seja fomos na mesma, e o outro a berrar atrás de nós tambem no Europe, tal é a máxima, "se não os podes vencer ..."
Entretanto a feira do melão estava presente no Jardim de VFX, tivemos que parar para o abastecimento de melão e bebermos uns copos de branco, nesta altura do ano ainda não havia vinho.
Continuamos rio acima e fazemos uma paragem muito técnica na praia dos cavalos, ali bem em frente á central do Carregado, a maré tinha virado, o vento caia, e nós parados, não tivemos outra opção.
Enquanto misturávamos umas coisas com tabaco para rirmos um bocadinho, o Kebra deliciava-se com um liquido incolor religiosamente acondicionado numa garrafa de "Genebra" (daquelas barrentas, a condizer com a água do Tejo) que recolhia á proa do Europe.
Na primeira oportunidade satisfizemos a nossa curiosidade e bebemos o bagaço todo, mas para o tipo não dar por falta, substituímos igual quantidade por água do Tejo, afinal até era barrenta, a condizer com a garrafa.
As coisas até tinham corrido bem se o Kebra não se lembra de beber mais um trago, com o pretexto de "um bocadinho para a viagem", tal é a surpresa que ele mal leva a garrafa á boca, começa logo a cuspir aqueles nomes que só ele nos chamava, e começa logo a treinar para a maratona atrás de todos os putos que se mexiam, a cena só acabou porque ele já não conseguia correr muito e lá se espalhou no meio dos caniços enquanto o pessoal içava as velas, assim muito á pressa, se calhar estávamos com saudades d'Alhandra.
Claro que mais uma vez fomos injustamente castigados, não sem antes termos pegado no "Mini 1000 do outro e escondido ao virar da esquina.
Só por curiosidade, o rapaz hoje já não bebe bagaço, foi remédio santo.
(continua)

2 comentários:

Anónimo disse...

Só um off-topic, a praia dos cavalos já era... Agora é um lameiro que só quem outrora a sabia ali é que sabe apontar onde ficava

João Manuel Rodrigues disse...

Pois, e além do mais ficou um bocado demódé.