terça-feira, 31 de março de 2009

Uma estória muito gira

19 de Outubro de 2008, vinhamos de torna viagem do Douro para Aveiro, quando eu ao leme do "Liberum", sou assaltado por uma pequena pergunta do Galacho (proprietário da esbelta embarcação).
- Olha lá, João, és mesmo de Alhandra?
Sou d'Alhandra desde o 2º dia de vida, nesse dia mudei-me para a Alhandra, directamente da Alfredo da Costa, mas porquê?
- O pessoal por aqui fala de um tipo de Alhandra que se divorciou, largou a casa e foi viver para um DC 740, isso é verdade, conheces o gajo?
Bem, isso é mais ou menos verdade, quanto ao gajo, até tu o conheces, aliás, tás a olhar para ele.
- Bem, nós aqui por Aveiro contamos essa estória lá no clube e até achamos uma estória gira, como é que um gajo larga tudo e vai para uma marina, viver num DC 740?
Nós por Alhandra vivemos muito o culto rio, dos barcos, a borda d'água, tudo isto faz parte da nossa vida, não nos vemos a viver sem o rio e os barcos, e quando alguem nos coloca entre a espada e a parede "ou eu ou o barco", não nos resta outra opção, senão optar pelo sentido da nossa vida, sei que isto para o comum dos mortais é um bocado esquisito mas é mesmo assim, não há explicação nem volta a dar.
Hoje 31 de Março de 2009, acordo pelas 0800, a bordo do NV Volare, o rio está calmo, depois do mau tempo dos ultimos dias, veio a bonança, saio do barco e olho para o rio, está lindo, as águas brilham e penso "como eu gosto disto", cada vez mais penso que "há certos passaros que não podem estar presos", caminho pela marina e dirijo-me para o carro, volto atrás e tiro duas fotos, e penso "o Tejo visto do meu quintal".
Quando me perguntam, porque sou assim, indiferente, não me importo, conforto, quanto baste, valores, sim, amigos, para sempre, universo, sobre nós.

7 comentários:

CELTA MORGANA disse...

Não falta "lata" a estes advogados de Aveiro!
É pergunta que se faça !!!
Em Aveiro também há gente que dorme nos barcos...

joao madail veiga disse...

Alhandra existe?
Não sei, há tempos passei em Vila Franca e perguntei onde era Alhandra e nunguém sabia....

João Manuel Rodrigues disse...

Pois, deves ter passado por Vila Franca do Campo, aí por esses lados ninguem deve conhecer mesmo a Alhandra, esta Alhandra fica ás portas da capital do Império e foi aqui que as invasões francesas foram impedidas de avançar, foi aqui que começaram as defensivas linhas de Torres.
Olha o Bolha subiu o Rio (por estrada) e meia duzia de semáforos depois, deu com esta magnifica e Mui Nobre Vila, plantada á beira do Grandioso Tejo, o maior rio Ibérico.

No entanto se passares por Vila Franca de Xira, segues pra Lisbonne, pela estrada de alcatrone e chegas a Alhandronne.

João

Anónimo disse...

Caro Homónimo
Conheço vários nautas que habitam ou já habitaram em permanência os seus veleiros. Fiquei agora a saber que tambèm se pode"morar"num DC 740! Certamente o Delmar Conde ficará contente de saber que uma sua criação também serve esse propósito.
Um abraço
João Guimarães Marques
http://joao-carioca.blogspot.com/

Anónimo disse...

COntinua assim, luta por aquilo que gostas, nem k para isso deixes não sei bem o k para traz....casa, casamento,moveis, tudo.~Sê Feliz com aquilo k te faz bem.....eu??? estou aki... Qual é o mal de dormir num barco?????

Assi. Eu ......

lissa disse...

hola...
triste muito triste "encostar á parede alguem",mesmo que tenha sido um ser adoravel,noutros tempos,chegar e "espetar"assim...
pois sinceramente que perante os fatos seguem se os argumentos...a opçao do que faz nos sentir muito bem...por vezes nem que seja a beleza dum rio cumplice junto dumsonho concretizado...o resto sao acrescimos bons...meritos merecidos...

João Manuel Rodrigues disse...

A questão reside no facto de não nos sentirmos bem onde estamos nem com quem.
Podemos nos acomodar, ou pensarmos que ainda não é tarde para mudar, correndo do risco de ser tarde de mais, e depois chegamos á conclusão que não estamos a viver, mas sim a sobreviver.
É nesta altura que se manda a toalha ao chão e chega, secalhar é melhor começar do zero do que continuar a viver abaixo de zero, separar os contentinhos e acomodados, daqueles que contra os propósitos sociais, preferiram a incerteza, do que a certeza do que estariam a passar.
Hoje, apesar de sobrevivente, tenho a minha vida.