segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Alhandra e o Associativismo

Parece-me que o verdadeiro, aquele espírito de associativismo que em tempos conheci e tão bem nos caracterizava, está arredado do nosso clube e consequentemente da nossa terra.

Alhandra, neste momento tem grandes condições para a prática do desporto náutico, quiçá as melhores da bacia hidrográfica do Tejo, e não posso deste modo entender como o poder local está completamente alheio á nossa realidade, á realidade de uma vila como Alhandra, que deve ser a única em todo o Concelho de Vila Franca de Xira que ainda mantém o seu carisma.

Á medida que melhores condições o “Alhandra” vai tentando criar, menos apoios surgem das entidades oficiais e locais.
È um trabalho infrutífero que tem vindo a ser desenvolvido pelas sucessivas direcções deste clube, e ao qual o poder local não dá o respectivo e devido valor.

É de lamentar também, que certos sócios tenham apenas em mente manter acesas dissidências (muitas das vezes pessoais) que em nada beneficiam o Clube, desmotivando assim aqueles que em prol dele trabalham.
Com certo tipo de atitudes, só o clube é prejudicado e aqueles que vêem denegrido o seu trabalho e empenho em fazer algo de válido acabam por consequentemente desistir e voltar as costas.

Nunca nos podemos esquecer que mal ou bem, são pessoas que abdicam do seu tempo livre, muitas vezes de estar com a família e amigos, pondo ao dispor do clube o que têm de melhor para dar e todo o seu saber.
Foram, e são eles, directores, sócios e atletas que contribuíram, e ainda hoje contribuem para o engrandecimento do clube.
Dizer mal não custa, custa sim fazer melhor, custa dar opiniões válidas, e acima de tudo, ajudar na sua concretização.

Entristece-me ver aqueles que cresceram, tornaram-se atletas e representaram o clube ao mais alto nível, completamente esquecidos de toda uma formação desportiva e pessoal que contribuiu e os engrandeceu como homens, ficarem alheios ás necessidades do nosso clube, da nossa terra, dos nossos filhos, dos nossos netos, no fundo renegando a vontade e o contributo de fazerem o que outrora outros fizeram por eles e por nós .

Será que não deveríamos todos sentir o mesmo orgulho que eu sinto quando um amigo nos visita??
Eu sinto esse orgulho, e é com enorme prazer que mostro a nossa sala de troféus , a marina , o cais 14 e a zona ribeirinha , ex-líbris da minha “Alhandra” .

UMA REFLEXÃO

“O que seria de Alhandra sem o Alhandra!!!????”

terça-feira, 5 de agosto de 2008

A saga dos DC's 740

À semelhança do meu amigo Tony Pardal, faço gala em afirmar que os DC's 740 são os melhores barcos do mundo, recebo amiude alguns mails a pedirem opiniões sobre este barco e inclusivé o porquê de lhes chamarem DC, já que 740 é o seu comprimento total de registo.
Neste caso temos de dar o mérito á pessoa que deu alma a este barco, é num dos lugares mais bonitos do nosso país que o encontro sempre que me desloco á Ria de Aveiro, o seu estaleiro fica junto á ria, na Gafanha da Encarnação, pessoa de trato fácil, mesmo estando envolto nos seus trabalhos, sempre que eu entro nas instalações larga o trabalho e perde meia hora a conversar comigo.
Conheci o Delmar em 2004, quando procurava um veleiro para mim, na altura já tinha abandonado a ideia de voltar a construir os DC 740, hoje é com agrado que o ouço dizer que pondera construir mais 6 unidades.

O Conde do Mar - Delmar Conde

De nome de baptismo Delmar da Silva Conde, nasceu na Gafanha do Carmo, concelho de Ilhavo, a bordo de uma familia de marinheiros, aos 17 anos emigra para a Alemanha, de onde regressa cerca de 10 anos depois á sua Ria de Aveiro, para fundar a sua marca de construção naval, nascem os barcos DC (Delmar Conde).


Dedicando-se primeiro a embarcações de vela ligeira para competição, cria o DC 600, fazendo lembrar os "Vougas".


DC 600


Imparável, de lápis na mão, rabisca o DC 740, uma embarcação vocacionada para o cruzeiro familiar na Ria de Aveiro, duas camas, casa de banho, cozinha, salão QB e um patilhão rebativel fazem deste barco uma roulote sobre a água.




"Virgo" o primeiro DC 740, construido em madeira



Este modelo tem cerca de 40 unidades espalhadas pelo país, (sendo mais acentuada como é lógico na bacia hidrográfica da Ria de Aveiro, 5 unidades estão em Alhandra), deu origem ao DC 730 vocacionado para competição, tendo como origem o mesmo casco, obras mortas rebaixadas, amplo poço e aparelho de competiçao, fazem deste barco um verdadeiro colosso competitivo.



DC 730 "Planador IV", o nome diz tudo.

Hoje está envolvido no projecto de desenvolvimento da classe Vouga, uma classe nacional oriunda da Ria de Aveiro, já sairam duas unidades do seu estaleiro, construidas pelo método de construção directa em mousse de PVC revestida a PRVF, estando neste momento a fase de preparação do molde para as próximas unidades.



"Vouga", mais que um barco, uma obra de arte


Tambem á dois anos saiu do seu estaleiro o "Guilietta" um DC de 12 metros vocacionado para o cruzeiro familiar, tendo por molde o seu próprio barco o "Porto de Aveiro/Mike Davis", este sim, vocacionado para a competição.




"Giulietta" DC 1200 Cruzeiro



"Mike Davis/Porto de Aveiro" DC 1200 Regata, o seu barco


"Só estou bem dentro de água". Mais do que marinheiro, assume-se guerreiro de uma "luta constante entre o velejador, o barco e as condições atmosféricas". A guerra sobre a água é permanente. "Nenhum minuto é igual ao outro porque num segundo muda tudo". Sorri uma luz de mar, feita de pele tostada por muitos sois, feita de cabelo hirsuto, seco e fragilizado pelo vento e pelo sal das ondas. Nos olhos brilha o reflexo da luz sobre o oceano. "É um desafio ter sempre o barco preparado para atingir o máximo de rendimento". Também o espírito de Neptuno convém ter sempre a postos.


"Qualquer dia damos a volta ao mundo". Delmar Conde ri. Do cais olha para a água. Suspira. Não está ali. Já navega em alto mar.